Pesquisa personalizada

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sorvetes nascidos em laboratório não engordam e são deliciosos

Na busca por uma receita mais nutritiva e saudável, foram feitos vários testes e se chegou a um sorvete sem leite, feito de soja.
 
Quem resiste ao sorvete? É um desfile de cores e sabores. O gosto varia, depende da região do Brasil. Tem de bacuri, guavira, castanha, cupuaçu, açaí, taperebá. Os nomes diferentes das frutas revelam a fartura e a criatividade dos brasileiros. Mas tem gente que exagera na combinação.

É um tal de incrementar o sorvete com creme, leite condensado e açúcar. Será possível tomar aquele sorvete sem se preocupar com a balança?

O sorvete foi criado há mais de três mil anos pelos chineses. Eles usavam neve, mel e frutas. Aqui, no Brasil, as receitas ganharam toques exóticos.

Chinesa de nascimento e brasileira por opção, a bioquímica Sin Huei Wang, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e a engenheira de alimentos Renata Torrezan, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fizeram o sorvete sem leite de vaca.

“O sorvete tradicional, além de ter leite de vaca, agrega creme de leite, leite em pó e nata. São fontes de gordura animal. E essa gordura animal faz mal para a saúde”, diz Sin Huei Wang.

Mas como fazer sorvete sem leite? Foram feitos vários testes no laboratório, numa corrida pela receita mais nutritiva e saudável. Tira a casca da soja, separa o grão, cozinha e tritura. E tem uma razão para fazer a massa com o grão de soja descascado e não usar o extrato, o leite de soja.

“No caso de utilizar o grão, a gente vai ter uma concentração muito maior de proteína nessa massa de soja, porque, quando a gente faz o extrato a partir do grão de soja, a gente perde 70% a 80% da proteína. Então, nessa massa, nós temos maior concentração de proteína”, explica a engenheira de alimentos Renata Torrezan, da Embrapa.

A massa substitui o leite de vaca, bom para quem tem intolerância a lactose. E as vantagens não param aí.

“Tem menos 80% de gordura, 50% menos de caloria e ainda tem fibra”, afirma a nutricionista Elaine Souza Lima, da UFRRJ. “A gordura que ele tem é uma gordura boa. São os ácidos graxos poli-insaturados que são os ácidos que têm o papel na diminuição do colesterol ruim”, diz Elaine.

Que a soja faz bem todo mundo sabe, mas como evitar aquele gosto de feijão cru? “Nós desenvolvemos uma tecnologia. Os grãos de soja passaram por um tratamento térmico que tira esse sabor forte da soja”, declara Elaine Souza Lima.

A essência de morango é para ficar ainda mais atrativo. A repórter faz o teste do sabor e aprova: “é igualzinho”.

O sorvete sem leite e com massa de soja ainda está sendo testado, mas as pesquisadoras já descobriram que é viável e barato.

Nesse verão escaldante, o geladinho cremoso é um alívio. O Brasil produz por ano mais de 950 milhões de litros de sorvete. Ao todo, 70% dessa quantidade são consumidos nessa época.

Em Minas Gerais, a nutricionista Ana Vládia buscou nos sabores da infância, novas alternativas de receitas geladas. Que tal fazer do sorvete um aliado para reforçar o sistema imunológico, proteger a pele, a visão e o intestino?

Nesses dias ensolarados e quentes, quem não gosta de um sorvete pra refrescar? Várias pessoas formam fila para experimentar o sorvete desenvolvido na Universidade Federal de Viçosa (UFV), na praça da igreja matriz.

Mas será que as pessoas vão conseguir identificar quais ingredientes foram usados no sorvete?

“É muito gostoso, não estou descobrindo do que é”, declara um senhor. O menino provou o sorvete e gostou. Na hora de adivinhar o sabor, ele aposta: “é de nata?”. “Está bom, mas eu não consegui definir o sabor”, comenta uma mulher.

Até que a repórter revela que o sorvete é inhame. Uma mãe diz que a filha não come inhame, apesar de ter provado o sorvete e ter adorado o sabor.

“É uma forma de incentivar as crianças a comerem alimentos mais saudáveis. Sorvete toda criança gosta”, elogia uma mulher.

As receitas foram testadas no Laboratório de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa. E é fácil fazer.

O inhame cozido é batido no liquidificador. A nutricionista acrescentou coalhada feita em casa. É um excelente anti-inflamatório e ajuda no funcionamento intestinal. Se quiser simplificar, pode usar iogurte natural industrializado. Tudo é batido no liquidificador, junto com o leite condensado, que pode ser light.

O segredo para que fique no ponto certo é não bater muito, senão o inhame acaba engrossando. É para ficar igual a um purê.

O inhame é depurativo do sangue. A ação anti-inflamatória faz bem para pele e ajuda até no combate as celulites, que são inflamações nas células de gordura. É um sorvete turbinado!

“Você tem vitaminas do complexo B, você tem vitamina C, você também tem traços de vitamina E e um conjunto de outras substâncias naturais que você encontra no próprio inhame, como antioxidantes, que juntamente com as vitaminas e os outros componentes dessa preparação, auxiliam na prevenção de doenças crônicas, principalmente aquelas relacionadas ao stress”, explica a nutricionista Ana Vládia Bandeira Moreira, da UFV.

Mas um alerta: ele não é aconselhável para diabéticos, porque tem muito açúcar.

O sorvete de abóbora com abacate também é uma alternativa de alimento refrescante rico em ácidos graxos, que fazem bem ao coração.

“Tem o betacaroteno, tem vitamina A, que ajuda não só na questão dos processos ligados à cicatrização, à função da nossa visão. Previne também doenças de pele e câncer de pele. Essa substância é importante na prevenção nessa época do verão”, aponta a nutricionista Ana Vládia.

Nessa receita, vai abóbora cozida, com abacate. Metade do emulsificante, aquele produto usado para dar cremosidade ao sorvete, é substituída por um gel de linhaça feito a partir da fervura da semente.

“Então, além de substituir parcialmente o aditivo você também está adicionando na preparação fibras solúveis, uma fibra da linhaça bem conhecida e estudada na prevenção de doenças do trato digestório, disfunções intestinais e o próprio diabetes”, diz Ana Vládia.

E o mais surpreendente: o número de calorias desses sorvetes nutritivos é muito menor. Dá para comer sem culpa!

“No caso do sorvete de inhame, uma bola de sorvete tem apenas 69 calorias. O de abacate com abóbora tem em torno de 83 calorias. O sorvete convencional de creme ou chocolate, na mesma quantidade, deve ter em torno de 120 a 140 calorias. Então, é uma redução de 40%”, explica a nutricionista.

É um sorvete altamente nutritivo com pouca gordura. “Muito bom, muito bom mesmo. Não só para crianças, mas para a gente também”, comenta um senhor.

Vídeo da Reportagem; Vídeos Rio Alimentos

Fonte: Globo Reporter - GLOBO

Nenhum comentário: