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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Estudo não mostra relação entre gordura saturada e risco cardíaco


Uma metanálise de 21 estudos, que incluíram ao todo 348 mil adultos, não encontrou uma relação direta entre consumo de gordura saturada e risco de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame. O trabalho foi publicado no periódico "American Journal of Clinical Nutrition".
Os participantes foram questionados sobre seus hábitos alimentares e acompanhados por um período de cinco a 23 anos -dependendo da pesquisa. Nesse intervalo, 11 mil sofreram um evento cardiovascular.
Os resultados não apontaram diferença no risco de doenças cardiovasculares entre as pessoas com o menor e o maior consumo de gordura saturada.
A análise incluiu estudos epidemiológicos, nos quais os participantes foram questionados sobre sua dieta e acompanhados para verificação de problemas cardiovasculares. O método tem algumas limitações, como o fato de depender da lembrança dos participantes sobre os seus hábitos alimentares.
Outra limitação é a heterogeneidade dos participantes dos estudos, alega o cardiologista Raul Dias dos Santos, diretor do setor de lípides do InCor (Instituto do Coração), em SP.
Para o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, a gordura saturada é somente um fator de risco entre vários. "Um só fator não representa mais risco", diz.
Na mesma linha, os autores da pesquisa também dizem que o peso do estilo de vida e da qualidade da alimentação é maior do que o consumo isolado de gorduras saturadas.
"A substituição da gordura saturada por mono ou poli-insaturada reduz o colesterol "ruim". No entanto, se essa gordura for substituída por consumo excessivo de carboidratos, especialmente dos refinados, poderá exacerbar dislipidemias aterogênicas [que causam placas nas artérias], com aumento de triglicerídeos e de LDL", acrescentam os pesquisadores.
Segundo Santos, há diversos estudos que demonstram que o excesso de gordura saturada eleva o colesterol sanguíneo e outros que mostram que o colesterol aumentado está relacionado a maior risco de problemas cardiovasculares.
"O estudo pode até colocar em dúvida se o consumo aumentaria o risco. Mas uma das maiores verdades na cardiologia é a relação entre o colesterol e o risco de desfechos cardiovasculares. O trabalho não muda as recomendações de ingerir essa gordura com parcimônia", afirma Santos.
A American Heart Association sugere que adultos não consumam mais que 7% de suas calorias na forma de gordura saturada -ou até 16 g para uma dieta de 2.000 calorias.
Fonte: Folha de S. Paulo - FSP


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