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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Gingko Biloba não estimula a memória, diz pesquisa


O resultado publicado nesta terça-feira no periódico da Associação Americana de Medicina mostra que o suplemento não teve nenhuma eficácia.

Pesquisadores americanos dizem que o medicamento natural Gingko Biloba não tem efeito algum para ativar a memória.

Ele é muito usado no mundo inteiro para aumentar a circulação de sangue no cérebro.

O estudo acompanhou, durante 6 anos, mais de 3 mil idosos, com mais de 72 anos. Metade recebeu um placebo, uma substância sem efeito. A outra metade tomou 240 miligramas de Gingko Biloba por dia, em duas doses.

Nem os pacientes, nem os médicos sabiam quem estava recebendo placebo ou o Gingko.

É o maior e mais longo estudo realizado sobre o Gingko Biloba, uma planta muito usada na medicina chinesa. Mas os pesquisadores só avaliaram os efeitos da planta sobre a memória e atividade mental.

O resultado publicado nesta terça-feira no periódico da Associação Americana de Medicina mostra que o suplemento não teve nenhuma eficácia.

O médico Steven Dekosky, da Universidade da Virginia, que comandou a pesquisa, ficou decepcionado, porque o objetivo era provar os efeitos benéficos do Gingko. Mas a conclusão é que ele não apresenta nenhum benefício.

O doutor Dekosky ressalva que os pesquisadores não encontraram nenhum efeito adverso da substância, que pode ser tomada sem problemas.

Nos Estados Unidos as empresas que vendem Gingko Biloba, com a promessa de que o suplemento ajuda a ativar a memória, faturam por ano US$ 250 milhões.

Um dos fabricantes, ao saber que o novo estudo não encontrou nenhum efeito, sugeriu que os interessados aguardem o resultado de outra pesquisa, que está sendo realizada na França, antes de abandonarem o Gingko Biloba.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária disse que o Ginko Biloba é registrado no Brasil como medicamento fitoterápico.

E que é usado no tratamento de vertigens e zumbidos provocados por problemas circulatórios ou por insuficiência vascular cerebral. Segundo a agência, não existe nenhum questionamento, aqui no Brasil, sobre a eficácia do produto.

Veja Vídeo: Vídeos Rio Alimentos

Fonte: Jornal Nacional - GLOBO

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Pesquisas do IQ detectam propriedades farmacológicas em substâncias naturais

Pesquisador constata, por meio de testes,  atividades antiparasitária, citotóxica e analgésica

ISABEL GARDENAL

A tese de doutorado de Manoel Trindade Rodrigues Júnior, defendida recentemente no Instituto de Química (IQ) da Unicamp, apontou o grande potencial das substâncias beta-carbolínicas como estruturas privilegiadas para o desenvolvimento de fármacos. Estas substâncias, estruturalmente relacionadas a outras presentes em alguns chás alucinógenos como o ayahuasca (ver nesta página), empregados em rituais religiosos e por tribos indígenas da Amazônia, apresentaram uma variedade de propriedades farmacológicas, como atividade antiparasitária contra leishmania e atividade citotóxica contra células de linhagens de câncer humano, além da atividade analgésica sobre o Sistema Nervoso Central (SNC). Uma destas substâncias mostrou uma atividade analgésica comparável à da morfina, o que deve gerar um pedido de patente. A pesquisa – orientada pelo professor Ronaldo Aloise Pilli, do IQ – apresentou duas vertentes: a busca pela atividade farmacológica das beta-carbolinas e o esclarecimento sobre como esta atividade é produzida. Algumas beta-carbolinas já são substâncias naturais reconhecidas por sua destacada atuação sobre o SNC como a reserpina, droga indicada para pessoas hipertensas.


Os ensaios realizados até aqui, comenta Manoel Trindade, apesar de significativos, são ainda preliminares e sugerem uma série de outros ensaios in vivo antes que a propriedade analgésica observada possa levar à produção de um novo medicamento. Estes testes, esclarece Pilli, em geral demoram entre cinco e dez anos. Dependendo dos resultados, este período pode ser maior ou menor também em razão do interesse e da inovação para o estabelecimento de uma nova terapia.

No trabalho de Manoel Trindade, foram desenvolvidas várias metodologias de síntese dessas substâncias, em continuidade a trabalhos anteriores do grupo, quando as bases metodológicas para a preparação dessa família de compostos foram estabelecidas. Na ocasião, foi esboçada uma rota de síntese para preparação de compostos naturais isolados de fontes marinhas. “O nosso interesse era confirmar a estrutura química desses compostos, uma vez que eles tinham sido isolados em pequenas quantidades e a sua estrutura tridimensional ainda não havia sido perfeitamente estabelecida”, explica Pilli. Esta mesma rota, revela ele, foi aproveitada nesta pesquisa de doutorado.

Desenvolver essas rotas de síntese assimétrica eficientes permitiu a preparação de um conjunto de substâncias naturais, dentre as quais se incluem a tripargina, deplancheína, debromo arborescidina, harmicina, cantin-6-ona e 10-metoxi-cantin-6-ona e dois análogos da harmicina. Posteriormente, houve uma avaliação farmacológica que incluiu a avaliação da atividade citotóxica, leishmanicida e sobre o SNC que foram realizados em colaboração com o grupo do professor João Ernesto de Carvalho, do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp, e do professor Sergio Albuquerque, da Universidade de São Paulo, de Ribeirão Preto. Somado aos efeitos analgésicos visivelmente pronunciados que foram encontrados para algumas das substâncias sintetizadas, também observou-se que uma das substâncias se destacava pelas suas atividades citotóxica e leishmanicida. Os ensaios biológicos deverão prosseguir, segundo o seu autor, com a ampliação do número de substâncias a serem preparadas e testadas em razão dos resultados já alcançados.

Síntese

Equipamentos usados nas pesquisas: ensaios biológicos vão prosseguir (Foto: Antoninho Perri) “Estima-se que aproximadamente 25% das novas substâncias farmacologicamente ativas descobertas nos últimos 25 anos são produtos naturais ou derivados de produtos naturais. Esse número sobe para mais de 50% se incluirmos produtos sintéticos que mimetizam produtos naturais ou cujo grupo farmacofórico é inspirado em produtos naturais”, informa Pilli. “Daí a importância de estudar os compostos naturais e desenvolver novas metodologias para alcançar a síntese destes compostos com bons rendimentos, amparando-se na síntese orgânica catalítica e assimétrica. Afinal, ao longo da evolução, esses metabólitos secundários foram selecionados de modo a interagir com alvos biológicos, garantindo vantagem adaptativa aos seus portadores. Trata-se portanto de estruturas pré-validadas do ponto de vista de atividade biológica.”

O grupo do IQ vem acenando, há algum tempo, na direção de aproveitar substâncias que são encontradas na natureza e que possam se constituir plataformas para o desenvolvimento de substâncias com propriedades farmacológicas relevantes. “A natureza tem sido a principal fonte de busca de um grande número de fármacos que foram e estão sendo desenvolvidos. A nossa contribuição está em aproveitar algumas destas substâncias, desenvolver um método de síntese em laboratório que eventualmente possa ser aproveitado em escala industrial e, ao mesmo tempo, prover a preparação de análogos de substâncias naturais”, resume Pilli. “Isso muitas vezes colabora para melhorar a performance de uma determinada substância farmacologicamente ativa, já que a ideia é minimizar os efeitos indesejados simultaneamente à manutenção da atividade terapêutica desejada.”

Manoel Trindade acredita que estudos futuros precisarão ser realizados com a síntese de outros análogos, a fim de se alcançar uma clara correlação entre estrutura química e atividade farmacológica, além de poder avançar no entendimento do modo de ação dessas substâncias no que se refere à atividade contra parasitos, contra células de câncer humano e atividade analgésica. O que ele sequer imaginava era que a vida que levava em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana de Goiânia, quando trabalhou como vendedor de picolés, office-boy e marceneiro, algum dia lhe traria a versatilidade necessária para atuar como pesquisador e lançar luz sobre temas ligados à Síntese Orgânica.


Ayahuasca, da planta à bebida

Ayahuasca, nome quíchua de origem inca, refere-se a uma bebida sacramental produzida a partir da extração de duas plantas nativas da floresta amazônica: o cipó Banisteriopsis caapi (caapi ou douradinho), que serve como IMAO (classe de fármacos que inibem a ação da monoamina oxidase), e folhas do arbusto Psychotria viridis (chacrona), que contêm o princípio ativo dimetiltriptamina. É também conhecida por yagé, caapi, nixi honi xuma, hoasca, vegetal, Santo Daime, kahi, natema, pindé, dápa, mihi, vinho da alma, professor dos professores, pequena morte, entre outros.

O nome mais conhecido, ayahuasca, significa “liana (cipó) dos espíritos”. A ingesta de yagé permite aos xamãs sonharem e se transportarem ao mundo espiritual ancestral. O chá é utilizado ainda pelos incas e também por pelo menos 72 tribos indígenas diferentes da Amazônia e em países como Peru, Equador, Colômbia e Bolívia.

O uso dessas plantas pelos mestiços em geral acontece dentro do contexto da etnomedicina e segue os princípios gerais do emprego tradicional dos nativos (uso xamanista) com modificações e acréscimos pertinentes aos diversos sistemas de crenças religiosas importados com a colonização. A sua utilização se expandiu para outras partes do mundo, com o crescimento de movimentos religiosos como o Santo Daime, A Barquinha, Natureza Divina e a União do Vegetal. Muito do que se pratica e conhece sobre ayahuasca vem da observação e do conhecimento empírico acumulado pelos indígenas.

Fonte: Jornal Unicamp - ANO XXIV – Nº 449

sábado, 19 de dezembro de 2009

Prêmio de pesquisa em segurança alimentar


Rede de Pesquisa em Segurança Alimentar e Nutricional (Redsan) lança o 2º Prêmio a Artigos de Pesquisa em Temas de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)

Mudanças climáticas, desigualdades sociais, aumento do preço dos alimentos, conflitos militares, corrupção ou altos índices de natalidade. São muitos os agravantes dos problemas relacionados à fome ou à alimentação inadequada e que colaboram para que cerca de 800 milhões de pessoas passem fome em todo o mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).

A fim de incentivar pesquisadores de várias áreas a estudar soluções para esses desafios, que se concentram especialmente nos países mais pobres, a Rede de Pesquisa em Segurança Alimentar e Nutricional (Redsan) lançou o 2º Prêmio a Artigos de Pesquisa em Temas de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN).

A edição atual do prêmio conta com o apoio do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A Redsan, ligada ao escritório regional para América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), pretende premiar destacados trabalhos científicos de instituições de pesquisa de qualquer parte do mundo, contanto que seu autor principal seja do continente latino-americano ou do Caribe.

Os trabalhos devem ser inscritos até o dia 31 de janeiro de 2010 e redigidos em espanhol, inglês ou português. Os vencedores serão divulgados no dia 15 de março do ano e haverá prêmios em dinheiro de US$ 3 mil a US$ 500, do primeiro ao quinto colocado.


Ao se inscrever, o autor deve optar entre uma das quatro áreas: 1) impacto da crise econômica e financeira sobre a SAN; 2) metodologias e instrumentos para a medição e análise da SAN; 3) temas emergentes (transição nutricional, bicombustíveis e variabilidade climática), e 4) relação entre o enfoque SAN e outros enfoques de desenvolvimento.

Mais informações: www.redsan.org
(Agência Fapesp, 16/12)

CTNBio livrará transgênico de análise de risco


Órgão vai votar o fim do monitoramento dos efeitos sobre a saúde humana e dos animais

Mauro Zanatta escreve para o "Valor Econômico":
 
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) votará, nesta quinta-feira (10/12), o fim do monitoramento dos efeitos adversos de organismos geneticamente modificados sobre a saúde humana e animal, o ambiente e os vegetais. A modificação desobrigará as empresas de biotecnologia de realizar estudos científicos de avaliação de risco e de apresentar planos de monitoramento pós-liberação comercial de transgênicos no país.
 
A nova regra deve "anistiar" os 25 produtos transgênicos (plantas, vacinas e enzimas) que já obtiveram liberação comercial e beneficiará outros 11 pedidos sob análise do colegiado, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A alteração na Resolução Normativa nº 5, em vigor desde março de 2008, dependerá do voto de apenas 14 dos 27 membros titulares da CTNBio. O grupo favorável à mudança somaria hoje 16 votos.
 
A iniciativa da CTNBio dispensará as empresas de de apresentar informações complementares e novos dados científicos para atender às exigências dos estudos de análise de risco sobre os efeitos adversos potenciais de transgênicos e seus derivados nos vários aspectos. A medida também beneficiará diretamente a indústria alimentícia brasileira. Dirigentes da associação da indústria (Abia) escreveram ao ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, para reclamar o fim do monitoramento e ameaçariam derrubar a exigência na Justiça.
 
O presidente da CTNBio, o médico bioquímico Walter Colli, confirma a proposta de alteração na regra. "Essas coisas não fazem mal. E, se fizerem, ninguém vai saber porque não tem como monitorar todo mundo. O argumento jurídico que se coloca é que monitorar só se justificaria se houvesse dúvida na análise de risco. Se o produto é idêntico ao convencional, não há razão para monitorar", diz. "Estamos propondo deixar isso como não obrigatória. A comissão dirá em quais casos seria necessário".
 
Professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), Colli está no segundo mandato de presidente da comissão. "É um absurdo fazer monitoramento de efeitos em humanos porque 15 mil produtos têm derivados de soja na sua composição. Como saber se o problema é do produto ou da água que uma pessoa bebeu?", questiona.
 
O presidente da CTNBio garante que o fim dos monitoramentos não causará problemas à população. "O monitoramento humano e animal foi uma esparrela, uma bobagem que fizemos. Cedemos pelo cansaço. Agora, a indústria alimentícia está sujeita a uma ação jurídica do Ministério Público por uma regra inepta da CTNBio. Cometemos um erro e quero corrigir isso", afirma.
 
A proposta de alteração reacendeu a disputa política e a oposição de um grupo minoritário de cientistas e ONGs dentro da CTNBio. Representantes dos ministérios da Saúde, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca prometem questionar o fim do monitoramento. E acusam Colli de usar como pretexto uma carta do governo do Canadá contra a resolução para "retalhar" as normas.
 
"É um absurdo isso. Vão colocar como desculpa a carta do Canadá para algo que já queriam fazer. É um processo primário", diz o representante do Ministério do Meio Ambiente, o geneticista Paulo Kageyama. "O Ministério da Saúde também reagiu contra isso, ameaçou se retirar da última plenária"
 
Em defesa da alteração, Walter Colli reafirma a autonomia da CTNBio. "Entendo a desconfiança, mas é bobagem. Isso prejudica toda a indústria. Tenho suporte e um parecer jurídico do Ministério da Ciência e Tecnologia. Não estou fazendo porque o Canadá reclamou. A Abia [associação da indústria de alimentos] já mandou carta para o ministro sobre isso", afirma.
 
Colli diz que "essa resolução sempre me incomodou" e admite que a atual regra só foi criada porque o processo de liberações comerciais de transgênicos passou a exigir, por iniciativa do Ministério Público, "monitoramento" das aprovações. "Senão não poderia liberar". Colli afirma que a resolução "está errada" e que "dá responsabilidade a quem não tem obrigação, interfere na cadeia onde não temos direito". "Isso cai em qualquer instância da Justiça".
(Valor Econômico, 8/12)

 Fonte: Jornal da Ciência - 08.12.09

Café e chá são ligados a menor risco de diabetes

Consumo foi associado a até 36% menos chances de sofrer da doença

Antioxidantes presentes nesses alimentos poderiam atuar nas células produtoras de insulina, evitando sua oxidação e posterior lesão

JULLIANE SILVEIRA DA REPORTAGEM LOCAL

O consumo regular de café ou chá pode reduzir o risco de diabetes tipo 2, mostra uma metanálise de 18 estudos publicada no "Archives of Internal Medicine". Os pesquisadores avaliaram trabalhos que consideraram a ingestão de café normal, descafeinado e chá.

Após excluírem variáveis que poderiam influenciar no aparecimento do diabetes, eles calcularam, em comparação com quem não ingere nenhuma dessas bebidas, que cada xícara (150 ml) de café diária reduz em 7% as chances de desenvolver a doença. No caso do descafeinado, o consumo de três ou quatro xícaras por dia foi relacionado a um risco 36% menor, e quem bebia a mesma quantidade de chá apresentou 18% menos chances.

Uma das hipóteses é a de que substâncias antioxidantes presentes nas bebidas, como os ácidos clorogênicos, atuem nas células beta, responsáveis por sintetizar insulina (hormônio que promove a absorção de glicose). O excesso de oxidação pode lesar as células.

A UnB (Universidade de Brasília) também desenvolve uma pesquisa para avaliar a ação do café na prevenção de diabetes. Foram entrevistados por telefone cerca de mil voluntários. Desses, 70 foram avaliados em laboratório. Os dados serão divulgados em 2010, mas os resultados preliminares são bons.

"Populações de diferentes países apresentaram resultados consistentes, e agora avaliamos no Brasil. Várias pesquisas apontam que quem consome café regularmente tende a desenvolver o quadro de diabetes mais tardiamente. No entanto, temos o hábito de consumir com açúcar e, por isso, podemos ter diferença de resposta", afirma a nutricionista Teresa Helena Macedo da Costa, uma das responsáveis pelo trabalho e professora da UnB.

Quanto consumir

Pesquisadores indicam a ingestão diária de até 600 ml de café filtrado por dia ou de chá, o equivalente a quatro xícaras, para se obterem os benefícios. "Esses estudos mostram que, do ponto de vista cardiológico, não há razões para evitar tomar café", afirma o cardiologista Luiz Antônio Machado César, do InCor (Instituto do Coração), onde também pesquisa sobre consumo de café e problemas cardiovasculares.

"É uma revisão de vários estudos, mas isso não se transfere para a prática clínica de imediato. Quando sai um trabalho em uma revista de impacto, a interpretação pode ser "vamos tomar café para prevenir diabetes", mas não é assim", contrapõe Antônio Roberto Chacra, diretor da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) de São Paulo. Médicos ouvidos pela Folha e os autores do estudo consideram que ainda faltam estudos controlados que comparem pessoas que consomem as bebidas com grupos controle que não as ingerem para ser possível passar a uma indicação clínica desses alimentos

Fonte: FSP

Adolescentes consomem menos fibra que o indicado


Na população geral, 65,6% ingerem pouca quantidade

RACHEL BOTELHODA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo realizado com 4.000 moradores de Pelotas (RS) mostra que 65,6% da população consome alimentos fontes de fibra em uma frequência inferior à recomendada. Entre os adolescentes, 77,8% apresentam ingestão inadequada do nutriente. Os idosos têm o consumo menos impróprio: 54,6% não consomem a quantidade indicada.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, apenas de 5% a 25% da população atende à recomendação de consumo de fibras alimentares. "O número [de consumo inadequado] é altíssimo e não deveria ocorrer, mas está dentro do que outros estudos, feitos em outras cidades, haviam mostrado", diz o nutricionista Daniel Baldoni, da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Sobre o fato de os adolescentes formarem o grupo que menos consome fibras, Baldoni afirma que é preocupante porque eleva o risco de levarem para a vida adulta maus hábitos alimentares. "Os alimentos fontes de fibras também têm vitaminas e, se esse resultado se mantiver a longo prazo, eleva o risco de doenças crônicas, como hipertensão, alguns cânceres, obesidade e diabetes."

Presentes em frutas, verduras, legumes e alimentos naturais, as fibras são importantes para o bom funcionamento intestinal, aumentam a sensação de saciedade e ajudam a diminuir o colesterol. A recomendação é ingerir cinco porções desses alimentos diariamente. "Comer salada no almoço e no jantar, um legume cozido em uma das refeições, mais duas frutas já dá cinco porções. É fácil alcançar essa meta."

Fonte: FSP

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Gomas de Colágeno


Trata-se de um confeito de açúcar com 2 g de colágeno hidrolisado, que promete melhorar a textura da pele, suavizar rugas, auxiliar o crescimento e o fortalecimento dos cabelos e das unhas e ajudar a emagrecer.

O colágeno é facilmente produzido pelo organismo a partir de fontes alimentares de proteína. "A não ser que a pessoa tenha uma insuficiência proteica enorme, ela não precisa de fontes suplementares de colágeno", diz o dermatologista Davi de Lacerda, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Segundo ele, o colágeno está de fato associado à sustentação da pele, mas não há base científica para afirmar que a ingestão extra do nutriente aumente a sua produção. "Com o envelhecimento, há uma diminuição da produção de colágeno pelo organismo, mas nenhum estudo mostrou que aumentar o aporte nutricional da substância aumenta o colágeno nos tecidos do corpo", diz Lacerda.

Ele também afirma que não há nada especialmente emagrecedor no colágeno hidrolisado. Os revendedores do produto dizem que a goma ajuda a emagrecer por gerar a sensação de saciedade, especialmente se for consumida com água. Para Lacerda, o colágeno hidrolisado produz certa saciedade, não maior do que as fibras alimentares, e pode "inchar" no estômago com a água, mas o efeito é pequeno e dura pouco.

Fonte: FSP

sábado, 5 de dezembro de 2009

Tecnologia verde obtém extratos a partir da raiz do ginseng brasileiro

Processo desenvolvido em laboratório da FEA não gera resíduos na matriz e no produto final

VÉRONIQUE HOURCADE 

Especial para o JU

Extrair o maior benefício das plantas, aproveitando espécies nativas da flora brasileira e tendo como base a preocupação com a sustentabilidade. Essas são as premissas do trabalho desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Supercrítica: Extração, Fracionamento e Identificação de Extratos Vegetais (Lasefi), da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. Pesquisadores da unidade acabam de desenvolver tecnologia que resultou em processo de extração de substâncias ativas a partir do ginseng brasileiro. Pedido de depósito de patente foi requerido junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), pela Agência de Inovação Inova Unicamp.


O alvo do processo foi a raiz do ginseng brasileiro, que apresenta princípios com efeito anticancerígeno e anabolizante, sendo aplicados também para reforçar a construção muscular, estimular o sistema imunológico e regular o sistema digestivo e trato gastrointestinal. Os princípios extraídos auxiliam, ainda, em tratamentos para a pele e cabelos. O diferencial da pesquisa está no processo de extração, feito através de tecnologia supercrítica.

Dessa forma, a extração do composto biologicamente ativo não gera resíduos tóxicos no produto final e nem na matriz – no caso, a raiz do ginseng –, além de resultar em um processo mais rápido, em relação às técnicas usualmente utilizadas. “É o que se pode chamar de tecnologia verde” define a professora Maria Angela de Almeida Meireles, coordenadora científica do Lasefi e responsável pela pesquisa, que contou também com o envolvimento da pesquisadora Patrícia Franco Leal, gerente de Propriedade Intelectual da Inova Unicamp, e dos alunos de graduação Marina Bascherotto Kfouri e Fábio da Costa Alexandre e auxílio do CNPq, SAE-Unicamp e Fapesp.

Conforme explica Maria Angela, a técnica supercrítica consiste na utilização do dióxido de carbono como solvente, que em condições ambiente é um gás. Submetido à alta pressão transforma-se em um fluido, com características de solubilidade e penetrabilidade com condições propícias para extração dos princípios de interesse. O dióxido de carbono é altamente seletivo, além de ser inerte, atóxico, disponível e não-inflamável. No fim do processo, sob as condições naturais de pressão, volta a ser um gás obtendo-se, de um lado, o composto puro e, do outro, o gás que pode ser reaproveitado inúmeras vezes através do reciclo. Portanto, a etapa de separação solvente sólido de interesse (princípios ativos) é rápida e fácil.

Os pesquisadores ressaltam que tanto os compostos extraídos quanto a matéria-prima ficam livres de resíduos e solventes tóxicos. “Não há agressão ao meio ambiente ou à saúde”, afirma Maria Angela. As técnicas de extração convencionais utilizadas apresentam resultados menos satisfatórios: ou pelo fato de o processo ser altamente tóxico (devido ao uso de solventes orgânicos tóxicos, como metanol) ou por apresentar baixo rendimento – quando o solvente utilizado é água em ebulição, que acaba exigindo, ainda, uma operação para remoção da água, resultando em elevado consumo de energia e aumento do custo de produção.

Além do benefício da tecnologia limpa (clean technology) ou tecnologia verde (green technology), com resultado de qualidade e processo rápido, a tecnologia supercrítica permite a utilização de uma unidade industrial multipropósito. Patrícia Leal explica que a unidade industrial pode trabalhar com diversas matrizes vegetais produzindo diferentes tipos de produtos, de acordo com a necessidade ou com o princípio alvo de interesse. Levando em consideração que algumas matérias-primas são sazonais, esta flexibilidade da planta industrial reforça a viabilidade econômica do investimento. Esta questão foi seu objeto da tese de doutorado, defendida em fevereiro de 2008 e intitulada “Estudo Comparativo entre os custos de manufatura e as propriedades funcionais de óleos voláteis obtidos por extração supercrítica e destilação por arraste a vapor”.

“O investimento para implantação da unidade industrial supercrítica é mais elevado em relação a outros processos de extração convencionais, no entanto o estudo de estimativa de custo de manufatura realizado com diversas matérias-primas demonstrou que o impacto do custo da matéria-prima é predominante em relação ao custo do investimento inicial e, portanto, ao comparar o custo de manufatura entre diferentes processos de extração, a tecnologia supercrítica é competitiva a longo prazo”, avalia Patrícia. No exterior existem várias empresas que operam com tecnologia supercrítica conforme citadas em sua tese de doutorado. “Vários ingredientes utilizados pela nossa indústria nacional provêm da importação de produtos obtidos por tecnologia supercrítica, sem que a maioria tenha esta informação, como é o caso do extrato de lúpulo utilizado nas cervejarias nacionais” afirma Patrícia.

Outro fator destacado é em relação ao solvente. O mundo se prepara para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), marcada para dezembro, em Copenhague (Dinamarca), na qual se pretende definir índices de redução de emissão de gases responsáveis pelo agravamento do processo de efeito estufa. Enquanto não há essa definição, uma alternativa para amenizar o problema é o sequestro de carbono. A tecnologia supercrítica empregada no extrato de compostos ativos do ginseng brasileiro e outros quatro pedidos de patente do mesmo grupo de pesquisa utilizam, justamente, o dióxido de carbono. “É um dos gases responsáveis pelo efeito estufa”, reforça a professora Maria Angela, acrescentando que a empresa que implantar esse processo de extração poderá se beneficiar do sistema de créditos de carbono.

Planta nativa brasileira, o ginseng é cultivado no país. De acordo com dados publicados pela revista Globo Rural (março de 2009), 30 toneladas da planta são enviadas por mês ao Japão. O questionamento que a professora Maria Angela faz é em relação à exportação da matéria-prima bruta, sem valor agregado. “Produzindo extratos de qualidade, o produto pode alcançar grande competitividade”, defende. O grupo de pesquisa atua na área de engenharia de processos e, segundo ressalta Patrícia, o grande desafio é o de obter um produto diferenciado, com melhores qualidades sensoriais, isentos de solvente e com características mais próximas da característica in natura. “Os grandes desafios normalmente surgem com um problema ou uma necessidade detectada no mercado”, aponta Patrícia. O composto do ginseng brasileiro, rico em beta-ecdisterona, é de interesse da indústria que trabalha com processamento de produtos naturais e que abastece indústrias farmacêuticas e de cosméticos. Maria Angela e Patrícia ressaltam que as raízes utilizadas na pesquisa foram adquiridas da Fazenda Experimental do CPQBA/Unicamp.

Aproveitamento do todo para  um desenvolvimento sustentável

O Laboratório de Tecnologia Supercrítica, antes chamado de Laboratório de Separações Físicas, foi criado em 1984 e mais de 50 teses resultam de pesquisas desenvolvidas com a proposta de se estudar processos de produção de extratos, por meio do uso de tecnologias limpas. A professora Maria Angela comenta que o foco é a investigação com plantas nacionais e que são cultivadas. Entre os trabalhos realizados está o processo de extração de plantas aromáticas e medicinais, inclusive de partes de plantas antes não utilizadas, como a folha de ginseng brasileiro e também resíduos de outras matérias-primas. “A grande diretriz do grupo de pesquisa Lasefi-FEA-Unicamp é o de impulsionar o desenvolvimento da engenharia e processo objetivando o desenvolvimento tecnológico para garantir produtos de maior valor agregado e competitivos internacionalmente”, reforça Patrícia.

Patrícia Leal ressalta que um dos desafios é conseguir o aproveitamento de todas as partes da planta, principalmente daquelas que, a princípio, não despertam interesse comercial. Essa proposta se justifica pelo fato dos princípios ativos encontrados na folha do ginseng, por exemplo, serem diferentes dos que estão presentes na raiz. “Não se obtém os mesmos compostos. As condições do processo de extração também são diferentes para a extração da folha e da raiz de uma mesma planta”, destaca Patrícia, acrescentando que as condições processuais diferem também entre diferentes plantas.

A proposta de conseguir o máximo de aproveitamento motivou o estudo que resultou no pedido de depósito de um pedido de patente de “Processo de Extração de Componentes Ativos da Cera Contida na Torta de Filtro Resultante do Processamento da Cana-de-Açúcar Empregando Processo de Extração Supercrítica”. A intenção foi a de agregar valor a esse resíduo da indústria canavieira, que possui classes de compostos de interesse comercial, podendo ser utilizados como ingredientes em alimentos, tornando-os alimentos funcionais. “É o caso dos hipercolesterolêmicos, pois os princípios ativos obtidos pelo processo em trâmite de proteção reduzem o colesterol no sangue e já é uma classe de compostos cujo efeito é reconhecido pelo Conselho de Cardiologia”, explica Patrícia.


A plataforma de desenvolvimento no Lasefi é ampla e todas as pesquisas estão norteadas pelo conceito da busca pelo desenvolvimento sustentável. Conforme consta na página eletrônica do Laboratório, “os seus valores determinam o uso de tecnologias de produção limpas, que preservem o meio ambiente e não tragam danos à saúde humana e animal, em todas as etapas de processamento, através do uso de tecnologias inovadoras, como a extração e o fracionamento com fluidos supercríticos”. Além disso, está a preocupação com a viabilidade econômica da implantação das tecnologias desenvolvidas e a geração de valor agregado.

Fonte: Jornal Unicampo – ANO XXIV – Nº 448

domingo, 29 de novembro de 2009

A dieta dos sentidos

Um novo e polêmico regime faz sucesso nos Estados Unidos prometendo a perda de peso por meio do consumo de pratos ricos em aroma e sabor

Cilene Pereira e Renata Cabral

 A mais nova promessa de emagrecimento rápido e sem sofrimento tem seu segredo não na boca, como é de costume, mas no nariz. No livro "Sensa Weight-Loss Program, the Accidental Discovery that´s Transforming the Way People Lose Weight" (em português, Programa de Perda de Peso Sensa, a Descoberta Acidental que Está Transformando a Maneira Pela Qual as Pessoas Perdem Peso), o neurologista americano Alan Hirsch sustenta que é possível emagrecer consumindo a refeição desejada, desde que ela seja bastante aromática. Lançada no início do mês nos Estados Unidos, a obra logo alcançou destaque entre os mais vendidos da categoria saúde e bemestar, dando início a uma onda de pessoas caprichando nos temperos e outros artifícios culinários na esperança de perder alguns quilos.

No livro, Hirsch conta que o grande estalo para o que considera uma revolução na maneira de tratar a obesidade veio a partir de sua experiência com portadores de doenças neurológicas e psiquiátricas. Em suas observações, o médico diz ter notado que um bom número de doentes apresentava prejuízo no olfato. Ou haviam perdido esse sentido ou o tinham bem reduzido. Além disso - e aí teria sido sua principal constatação -, muitos engordavam. "Resolvi investigar o que acontecia", disse ele à ISTOÉ. "Era o oposto do que imaginávamos." De fato, o comum é pensar que, quando se perde a capacidade de sentir o aroma da comida, a tendência é comer menos. Portanto, emagrecer, e não engordar.

Foi assim que, nos últimos 25 anos, ele coordenou vários estudos sobre a relação entre o olfato e o paladar e o ganho ou a perda de peso. Os trabalhos foram desenvolvidos com sua equipe no Smell & Taste Treatment and Research Foundation, entidade fundada e dirigida por ele e com sede em Chicago, nos EUA. A última pesquisa, concluída há cerca de um ano, foi apresentada na reunião da Sociedade Americana de Endocrinologia. Hirsch pediu a 2.436 pessoas obesas ou com sobrepeso para colocarem em suas refeições uma variedade de compostos aromáticos - condensados em pequenos cristais - criados em seu laboratório. Os sabores dessas substâncias eram de queijo cheddar, cebola, molho ranch, taco, parmesão, cacau, hortelã, banana, morango, malte e amora. Um grupo controle, com 100 pessoas, não usou os compostos.

Todos os participantes foram acompanhados durante seis meses e receberam a orientação de manter inalterada sua rotina alimentar e de exercício físico. O índice de massa corporal (IMC), que atesta se uma pessoa está obesa ou não, foi medido antes e depois do estudo. Ao final, os 1.436 participantes que completaram o experimento perderam cerca de 15 quilos, comparado com apenas um quilo entre os integrantes do grupo controle. O IMC do primeiro grupo baixou cinco pontos, enquanto naqueles que não usaram as substâncias aromáticas a queda no índice foi de 0,3.


Saciedade precoce

A explicação de Hirsch para esses resultados estaria na ligação entre os aromas e o centro de saciedade do corpo, localizado no cérebro. "Ao atingirem o bulbo olfativo, as moléculas do cheiro acionam também o hipotálamo, estrutura responsável pela saciedade", argumenta. Portanto, segundo sua teoria, ao aspirarmos algo bastante aromático, acionamos mais rapidamente o sistema que diz ao organismo que não é mais necessário continuar ingerindo alimentos. "Se você passa muito tempo cozinhando um molho para o espaguete, quando vai comê-lo quase sempre já perdeu a vontade porque já sentiu demais o seu cheiro", exemplifica o neurologista. O mesmo processo ocorreria quando, além de cheirosa, a refeição é saborosa. Isso aconteceria porque paladar e olfato estão intimamente associados.

A dieta proposta pelo neurologista, no entanto, baseia-se não no uso de recursos como temperos e ervas, que naturalmente deixam qualquer prato mais saboroso e cheiroso, mas na utilização dos cristais aromáticos que desenvolveu. Ao longo dos anos, ele diz ter testado quatro mil diferentes compostos. Chegou a 12 - seis salgados e seis doces -, que considerou mais eficientes. E são esses produtos que estão à venda, além do livro recém-lançado.

 Adesivo para o olfato


As pesquisas de Hirsch acabaram gerando outras novidades. Hoje, há no mercado americano pelo menos três produtos que prometem a perda de peso a partir da potencialização do olfato. O primeiro é o Aroma Patch. Tratase de um adesivo que exala um cheiro de baunilha. Deve ser colocado na mão, no pulso ou no peito. O objetivo, segundo os criadores, é gerar uma espécie de resposta condicionada, como se o cheiro de baunilha estivesse presente o tempo todo para lembrar ao usuário que é preciso comer menos. "Quando você forma uma associação entre um cheiro específico e seu desejo de controlar a quantidade de comida que quer ingerir, aprende a controlar melhor o seu peso", afirmou à ISTOÉ Steven Petrosino, responsável pela comercialização do adesivo.

O outro recurso é o SlimScents, uma caneta com aromas apontados como "agradáveis". A pessoa deve inalar os cheiros minutos antes de iniciar as refeições. Há ainda o HappyScent. A fabricante criou objetos aromáticos, parecidos com pequenas velas, que contêm o cheiro de hortelã, banana e maçã verde. Eles devem ser colocados sobre a mesa de trabalho, dentro do carro, na bolsa. E devem ser cheirados cinco a seis minutos antes das refeições. Lançado no início do ano, o produto é um sucesso. "As vendas estão ótimas", disse à ISTOÉ Donna Schilder, a responsável pela novidade.

No Brasil, a abordagem de usar o olfato para facilitar a dieta encontra sustentação entre vários especialistas. "O estímulo do aroma é capaz de produzir a liberação de hormônios que interferem no apetite", diz a nutricionista Kelly Fu Chen, do Centro Emex, Nutrição Orientada, em São Paulo. "O resultado é uma saciedade precoce quando o estímulo da refeição começa antes de o garfo chegar à boca", afirma a nutróloga Regina Mestre, do Rio de Janeiro. "Dessa maneira, a sensação aparece antes do que a pessoa está acostumada", completa Daniela Jobst, de São Paulo. Na opinião da nutricionista Patrícia Haiat, do Rio de Janeiro, há ainda outro efeito: "Ervas como manjericão e alecrim possuem óleos essenciais que induzem a reações como controle sobre o apetite e redução da compulsão", diz.




Na rotina de seus consultórios, as especialistas incentivam os pacientes a apostar em refeições ricas em cheiros e sabores. É o que faz, por exemplo, a psicóloga Liz Von Der Maase, 51 anos, de São Paulo. Usar os sentidos é um recurso do qual lança mão até na hora de escolher as frutas que vai levar para casa quando está fazendo compras. "Cheiro, toco no que desejo comprar", conta. Em casa, Liz recorre ao manjericão, alecrim e gengibre, entre outras alternativas, para incrementar os pratos e aumentar o prazer na hora de comer. "Acredito que fazer uma refeição é muito mais do que apenas ingerir os alimentos. 

Quando não há opções que estimulem os sentidos, parece que está sempre faltando algo." No Rio de Janeiro, Wesley Faria, 23 anos, era cliente tão assíduo do restaurante Universo Orgânico, onde os pratos são cheios de ervas e temperos, que acabou se tornando gerente do empreendimento. "Os pratos me deixam saciados", diz.

A verdade, porém, é que ainda há muito a ser esclarecido nessa questão. É inegável que saborear uma refeição rica em aromas é muito mais prazeroso. Além disso, há de fato estudos - além dos realizados por Hirsch - indicando uma associação entre olfato e apetite. Um trabalho feito pelo americano John Poothulil, por exemplo, apontou um resultado interessante. Durante um mês, ele orientou sete mulheres a prestar mais atenção ao paladar e olfato no momento de degustar um prato.


Elas também deviam encerrar a refeição assim que o prazer não fosse mais tão significativo. Depois do período da pesquisa e um ano após seu encerramento, todas tinham perdido peso. "Minha hipótese é a de que os seres humanos têm um mecanismo natural que usa o paladar e o olfato para regular a quantidade de comida ingerida", disse o pesquisador à ISTOÉ. "As participantes ingeriram menos alimentos quando encerravam a refeição baseadas na satisfação sensorial."


A armadilha do açúcar



Um outro experimento, realizado na Penn State College of Medicine, nos EUA, sugere que a obesidade gradualmente torna menos sensível o paladar para doces, levando o indivíduo a consumir mais desses alimentos. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores implantaram eletrodos no cérebro de cobaias (ratos) magras e gordas para medir suas reações a vários sabores: salgado, cítrico, aguado e seis diferentes concentrações de açúcar. Eles olharam para a parte do cérebro que processa as informações enviadas pela superfície da língua. "Vimos que os ratos obesos tinham 50% menos neurônios trabalhando quando suas línguas eram expostas ao açúcar, o que sugere que eles são menos sensíveis a esse nutriente, afirmou Andras Hajnal, coordenador do estudo, publicado no "Journal of Neurophysiology".



A resposta aos sabores salgados foi a mesma em magros e gordos. "Concluímos que, se você sente menos o doce, tende a consumi-lo em maior quantidade para poder saboreá-lo mais", disse o pesquisador. "Em vez de comer menos, aumentamos nossa procura pelo paladar. E colocamos mais uma colher de açúcar no café."

O grande problema é que, por outro lado, também existem pesquisas demonstrando que quanto menos capacidade de sentir o cheiro e o sabor da refeição, menor é o ganho de peso. Isso porque a falta destes atrativos funcionaria como um fator de rejeição aos alimentos. Uma pesquisa divulgada na edição de abril do "Journal of Supportive Oncology", por exemplo, provou que o câncer e seus tratamentos podem prejudicar o olfato e o paladar. Isso, segundo os estudiosos, levaria os pacientes a adotar uma alimentação de qualidade ruim, podendo gerar inclusive uma subnutrição. 





Os cientistas da Virginia Tech - Wake Forest University Comprehensive Cancer Center fizeram essa constatação após realizar uma ampla revisão sobre vários trabalhos acerca do tema. De acordo com Susan Duncan, professora de ciência da alimentação, um paladar ruim pode prejudicar a vontade de comer. No jornal "Neurology", outra experiência, desta vez com mulheres portadoras de demência, apontou que cerca de 20 anos antes do aparecimento dos primeiros sinais do problema elas começavam a perder peso. Segundo os pesquisadores, isso seria resultado de uma perda de olfato associada ao início do desenvolvimento da doença.

Spray para emagrecer


Com base nesses estudos - e trilhando caminho oposto ao sugerido pelo neurologista Hirsch -, a empresa Compellis Pharmaceuticals, nos EUA, está desenvolvendo um spray nasal para bloquear o olfato e, dessa maneira, diminuir a vontade de comer. De acordo com os fabricantes, estudos realizados previamente em animais indicaram que o produto seria eficaz. "Agora, estamos testando o spray em 25 pessoas", contou à ISTOÉ Christopher Adams, diretor da empresa. Esta primeira fase dos estudos clínicos deve ser concluída até o final do ano. "Esperamos lançar o produto dentro de três anos", disse Adams.

O fato é que, por conta de resultados tão díspares, para muitos estudiosos o assunto ainda é complexo demais para que se possa ter uma certeza cabal de qual seria, afinal, a relação entre o olfato e o paladar e o apetite. "Observamos que algumas pessoas que perdem esses sentidos de fato ganham peso. Mas outras emagrecem", disse à ISTOÉ Richard Doty, diretor do Smell & Taste Center, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA.

Na opinião de Leslie Stein, pesquisadora do Monell Chemical Senses Center, também nos EUA, a diferença de respostas pode estar vinculada a fatores como a relação que cada um estabelece com a comida. "Algumas pessoas com o olfato e paladar prejudicados podem engordar porque comem mais, na tentativa de compensar a falta do prazer que esses sentidos proporcionam", disse à ISTOÉ. "E outras podem fazer o contrário, pela mesma razão." Diante disso tudo, é possível ter pelo menos um consenso: a recomendação dos especialistas é a de que os sentidos devem sim ser usados na hora de comer. Mas sempre a nosso favor.

Fotos: Daniela Dacorso; Marco Pinto / Ag.istoé




terça-feira, 17 de novembro de 2009

Dieta rica em gorduras controla risco cardíaco.


ULLIANE SILVEIRA


Uma dieta composta por 40% de gorduras se mostrou melhor para controlar fatores da síndrome metabólica (conjunto de sintomas que elevam o risco cardíaco) do que um regime com baixo teor do nutriente (20%) em um estudo duplo-cego randomizado com 64 pacientes obesos que tinham o problema. O trabalho foi apresentado ontem (16) no congresso da American Heart Association.


Os pacientes foram divididos em dois grupos. A alimentação de ambos era composta diariamente por 8% de gorduras saturadas, 15% de proteínas e 25 gramas de fibras. O cardápio do primeiro grupo tinha 40% de gordura predominantemente monoinsaturada (proveniente de óleos vegetais, como o azeite, e nozes) e 45% de carboidratos. O segundo grupo recebeu cerca de 20% do mesmo tipo de gordura e 65% de carboidratos.

Após quatro semanas de regime, pacientes do grupo que recebeu maiores teores de gordura apresentaram queda de 17 mg/dl no colesterol total e de 11,6 mg/dl no LDL (colesterol "ruim"). No outro grupo, a queda foi de, respectivamente, 1,2 mg/dl e 3,4 mg/dl. Os que consumiram menos gordura também tiveram aumento nas taxas de triglicerídeos -11 mg/dl, enquanto o outro grupo apresentou queda de 28,6 mg/dl.

"Precisamos avaliar ainda o papel das gorduras monoinsaturadas para entender por que elas contribuíram para os melhores resultados. Mas as maiores taxas de carboidrato também influenciaram nos piores índices no grupo que recebeu menos gordura", disse Pathmaja Paramsothy, autora do estudo e pesquisadora da Universidade de Washington.

Sabe-se que as gorduras monoinsaturadas ajudam na redução das taxas de LDL no sangue. Em contrapartida, dietas ricas em carboidratos podem estar ligadas ao aumento dos níveis de triglicerídeos.
Para o endocrinologista Márcio Mancini, responsável pelo Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica da Disciplina de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, os bons resultados do grupo que ingeriu mais gordura se devem mais à redução da oferta de carboidratos do que ao aumento de gordura.

"Dietas ricas em carboidratos podem levar ao aumento dos triglicerídeos, que costumam ter seus níveis reduzidos quando se restringem carboidratos. Além disso, quando se restringem os carboidratos, o organismo sofre um desvio do metabolismo e tem redução de apetite, o que pode ter colaborado para uma boa aderência às recomendações dietéticas do grupo que ingeriu mais gordura", acrescenta.

 Fonte: FSP

Estudo sugere mais calorias na dieta.


Quantidade ingerida por dia poderia ser 16% maior

Humberto Maia Junior, JORNAL DA TARDE

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Uma pesquisa feita na Inglaterra sugere que a quantidade média de calorias que uma pessoa precisa para viver de forma saudável está subestimada. Segundo estudo preliminar feito pelo Comitê Científico Consultivo em Nutrição, ligado ao governo britânico, o consumo diário poderia ser 16% maior.

Atualmente, um homem com vida ativa deve ingerir cerca de 2,5 mil kcal e uma mulher, 2 mil kcal. Se o estudo for confirmado, o acréscimo poderá permitir que uma pessoa coma, diariamente, cerca de 400 kcal a mais - o equivalente a um cheeseburger. A ressalva: esse bônus só poderia ser aproveitado por quem pratica exercícios físicos. Caso contrário, o risco de obesidade seria agravado.

Segundo o comitê, o estudo traz uma avaliação mais precisa de como a energia pode ser queimada por meio da atividade física - daí o acréscimo no consumo alimentar.

Para ser aceito na Grã-Bretanha, o aumento na recomendação de ingestão calórica precisa ser analisado durante 14 semanas. Se for aprovado e adotado no Brasil, a tabela com informações nutricionais presente nas embalagens de alimentos deverá sofrer alterações.

A proposta causou polêmica entre ativistas da área de saúde. O receio é que a mudança seja entendida pela população como uma maior liberalidade no consumo alimentar, o que poderia levar ao aumento dos índices de obesidade.

"Isso não pode ser visto como sinal verde para comer loucamente", disse Tam Fry, do Fórum Nacional de Obesidade da Grã-Bretanha, que classificou a ideia como perigosa e sugeriu que o relatório seja "varrido para debaixo do tapete".

A nutricionista Solange Hypólito, do Conselho Regional de Nutricionistas de São Paulo, alerta para o erro de se confiar em valores médios de consumo. Ela explica que a necessidade alimentar diária varia para cada pessoa. Certo, segundo ela, é que um homem, para sobreviver, não pode consumir menos que 1,5 mil kcal diariamente e a mulher, menos de 1,2 mil kcal.

Fonte: Estadão

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Consumo de grãos previne e trata o diabetes.

da Folha Online
 
O consumo regular de grãos integrais reduz de 20% a 40% as chances de desenvolver o diabetes tipo 2, que tem causas relacionadas à má alimentação e à obesidade --e que, nos últimos anos, vem se tornando uma epidemia global. Os grãos contêm fibras e magnésio, e seu consumo ajuda a controlar a glicemia de diabéticos tipo 2, inclusive permitindo a redução da quantidade de medicamentos necessários ao tratamento.

As informações são do livro "A Dieta Milagrosa dos Grãos", da Publifolha. O volume oferece um programa alimentar baseado em grãos integrais que ajuda a emagrecer e traz benefícios à saúde comprovados cientificamente como redução da pressão arterial, dos níveis de colesterol e do risco de doenças como o diabetes.
Está comprovado, por exemplo, que as dietas ricas em trigo-sarraceno, milho e aveia colaboram para o controle do diabetes tipo 2. O pão feito das sementes de trigo sarraceno diminui o nível de glicose no sangue e melhora a produção de insulina pelo pâncreas após as refeições.

Leia abaixo trecho do livro sobre como o consumo de grãos integrais pode beneficiar na prevenção e controle do diabetes tipo 2.
 
Diabetes Tipo 2
O diabetes é definido pelo aumento anormal do nível basal de açúcar ou glicose no sangue. Os tipos mais comuns de diabetes são o 1 e o 2. O tipo 1 se desenvolve subitamente devido a uma reação auto-imune. Os diabéticos do tipo 1 não conseguem produzir insulina. O tipo 2, influenciado pela alimentação e pela obesidade, se desenvolve ao longo do tempo. Infelizmente, ele vem se tornando uma epidemia global, mas o consumo regular de grãos integrais pode ajudar a preveni-lo.

Quem está em risco?

O diabetes tipo 1 geralmente surge na infância e por isso costumava ser chamado de diabetes juvenil. O tipo 2, por outro lado, está relacionado ao excesso de produção de insulina decorrente do pouco efeito da ação deste hormônio no organismo. Ele é muito mais comum em pessoas com sobrepeso ou obesas. Embora o tipo 2 já tenha sido chamado de diabetes adulto, hoje é diagnosticado até mesmo em crianças com menos de 10 anos.

Pré-condições para o diabetes tipo 2

O diabetes tipo 2 não surge da noite para o dia. Antes de aparecer a doença, quase sempre as pessoas desenvolvem o "pré-diabetes" ou "intolerância glicêmica" - quadro em que o corpo se torna pouco capaz de absorver os carboidratos ingeridos (especialmente os açúcares simples) e desenvolve resistência à insulina. Essas anormalidades acabam levando ao desenvolvimento do diabetes tipo 2. O consumo de grãos integrais pode interferir tanto na intolerância glicêmica quanto na resistência à insulina e desempenhar um papel importante no tratamento e na prevenção do diabetes.

A fibra e o controle das taxas de açúcar no sangue

A relação entre as fibras presentes nos grãos integrais e o controle da glicemia não é um conceito novo. Já em 1970, a "hipótese da fibra" de Denis Burkitt e Hugh Trowell apresentou o efeito benéfico do consumo de fibras na prevenção do diabetes tipo 2. Em um artigo datado de 1979, James Anderson (outro defensor dessa hipótese) descreveu a importância das fibras para o organismo. Desde então, centenas de pesquisas examinaram outras "hipóteses da fibra" e comprovaram diversos benefícios que antes eram apenas hipotéticos. O mecanismo exato de como essas fibras afetam o corpo ainda está em estudo, mas, em geral, as pesquisas mostram uma redução de 20% a 40% do risco de diabetes entre os indivíduos que consomem grãos integrais.

Outro estudo demonstrou que as pessoas que mais consomem grãos integrais são as que apresentam menor nível de insulina em circulação e maior sensibilidade à insulina. Algumas pesquisas mostram que quanto maior o tamanho do grão, maior o tempo de sua digestão e mais lento o aumento do nível de glicose no sangue. Isso faz que haja menos insulina em circulação e aumenta (ou ajuda a manter) a sensibilidade do organismo à insulina.

Os grãos ricos em fibras solúveis, como aveia, centeio e cevada, mostraram-se mais eficientes no aumento da sensibilidade à insulina do que aqueles ricos em fibras insolúveis, como trigo integral e trigo-sarraceno. Outros grãos, como milho e arroz branco, não exerceram impacto relevante na sensibilização à insulina. Isso levou alguns pesquisadores a comparar os efeitos de grãos diversos, com quantidades diferentes de fibra.
Substituir o consumo de fibras insolúveis por solúveis pode baixar significativamente os níveis de açúcar e de colesterol no sangue. Para analisar diferentes tipos de fibra, mudou-se a dieta matinal de um grupo de diabéticos tipo 2: os cereais à base de arroz e milho foram trocados por cereais à base de trigo e aveia e um pouco de tanchagem (para aumentar ainda mais a quantidade de fibras insolúveis). Em três meses, os participantes apresentaram redução de triglicérides no sangue (tipo de gordura que aumenta na circulação quando comemos algo) e uma melhora nos níveis de HDL ("colesterol bom"). A conclusão foi que, à medida que o organismo desses diabéticos se adaptava à maior ingestão de fibras, o risco de desenvolver doenças cardíacas diminuiu.

Um efeito combinado

Além de ricos em fibras, os grãos integrais são uma fonte excelente de magnésio. Acredita-se que esse mineral seja fundamental para a prevenção e o tratamento do diabetes tipo 2. Portanto, ainda não se sabe se é a fibra ou o magnésio o fator positivo contra a doença. O mais provável é que seja uma combinação de ambos. Entretanto, podemos simplesmente usufruir dos grãos integrais, cujos efeitos estão comprovados.


sábado, 14 de novembro de 2009

Técnica avalia se PET reciclado é confiável


Que a reciclagem do PET é a melhor alternativa para o país em termos ambientais e econômicos não se tem mais dúvidas. O que, por enquanto, se desconhece é até que ponto a utilização do PET reciclado na composição de embalagens para alimentos seria realmente segura. A partir da resolução 20/2008, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2010, será permitido às indústrias a associação do PET reciclado e virgem para fabricação de embalagens para comportar alimentos. Isto quer dizer que parte do material reciclado estaria em contato direto com o produto. Neste sentido, pesquisadores do Instituto de Química (IQ) já se adiantaram e desenvolveram uma metodologia para aferir a qualidade do produto, inclusive quantificando a presença de PET reciclado nas embalagens.

Segundo o autor da pesquisa, Wanderson Romão, a polêmica é com relação ao risco de uma possível contaminação dos produtos alimentícios, caso os critérios mínimos não sejam respeitados. “A utilização da resina pós-consumo do PET para embalar alimentos, bebidas ou fármacos é bastante discutida, uma vez que as garrafas PET utilizadas, muitas vezes, vão parar em aterros sanitários ou misturadas no lixo comum. Com isso, alguns metais podem migrar para a resina e não ser suficientemente descontaminado dependendo do processo de reciclagem”, explica.

Até então, apenas a resina denominada virgem era permitida para a fabricação das embalagens PET, sendo que a resina pós-consumo tinha o seu uso proibido e não poderia ser utilizada em hipótese alguma para a fabricação de embalagens para alimentos. Em 1998,o Ministério da Saúde permitiu a utilização para acondicionamento de bebidas carbonatadas não alcoólicas, como é o caso do refrigerante. Recentemente, em março de 2008, a Anvisa baixou a resolução com requisitos gerais e critérios para a composição das embalagens utilizando o PET pós-consumo reciclado e descontaminado para o próximo ano.

O PET é o quarto polímero mais fabricado no Brasil e sua principal aplicação é na indústria de embalagens que soma 71%. Cerca de 60% dessas embalagens são recicladas, ou seja, é o polímero mais reciclado no país. A principal destinação é a exportação para outros países, cujo uso mais significativo é na indústria têxtil, na fabricação de camisas, meias e sacolas. Por isso, a pesquisa desenvolvida por Wanderson Romão também encontra outra aplicabilidade, pois o método garantiria a qualidade e assim facilitaria a venda para o mercado externo. “Na Europa, por exemplo, é preciso garantir que o PET vendido é 100% reciclado. Eles não aceitam de maneira nenhuma produto misturado à resina virgem por questões de impactos ambientais”, esclarece.

Romão iniciou o desenvolvimento da metodologia única no país, em 2007, orientado pelo professor Marco-Aurélio De Paoli, quando a utilização da resina pós-consumo ainda era proibida pelas autoridades. Parte do estudo foi em parceria com o Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas e com o Grupo de Espectroscopia de Raios-X, ambos do Instituto de Química. Naquela época, o estudo encontrava maior aplicação para a fiscalização de embalagens contendo PET reciclado. Com as novas resoluções, o método continua importante ferramenta fiscalizadora por permitir controlar a qualidade final do produto a ser oferecido ao consumidor. Em apenas 15 segundos, a partir de procedimentos de extração, é possível mapear e construir mecanismos de detecção dos oligômeros, substâncias presentes apenas no PET, usando medidas de espectrometria de massas. Quando o material é reciclado essas substâncias desaparecem e consegue-se saber o histórico do material, a qualidade, a porcentagem do reciclado, e até mesmo o processo pelo qual foi reciclado, além do estilo do fabricante.

Fonte: Jornal UNICAMP ANO XXIV – Nº 447

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Alimento processado eleva risco de depressão

Fonte: FSP

Pessoas que ingerem grandes quantidades de alimentos industrializados têm 58% mais chance de sofrer de depressão em comparação com as que mantêm uma dieta rica em peixes, vegetais e frutas. A constatação é de um estudo publicado no periódico "British Journal of Psychiatry".

Dados sobre a dieta de 3.500 participantes com 55 anos de idade, em média, foram divididos em dois grupos, segundo o tipo de alimento que eles costumavam ingerir.

O grupo dos que consumiam mais comida processada -como sobremesas adoçadas, fritura, grãos refinados e produtos lácteos com alto teor de gordura- mostrou-se mais vulnerável à depressão em um período de acompanhamento de cinco anos. Ainda não está claro por que alguns tipos de comida podem proteger contra a doença ou aumentar a chance de uma pessoa desenvolver o problema, mas cientistas acreditam que pode haver uma relação com inflamação, assim como ocorre com doenças cardíacas.

Os cientistas fizeram ajustes para gênero, idade, nível educacional e de atividade física, tabagismo e doenças crônicas e, depois disso, a dieta mostrou-se um fator importante para a depressão.

Segundo o psiquiatra Renério Fráguas, coordenador da residência médica do Instituto de Psiquiatria da USP, sabe-se que um aporte insuficiente de vitamina B12, folato e ômega 3 deixa a pessoa mais vulnerável ao transtorno depressivo. Ele pondera, no entanto, que é difícil saber se a organização pessoal, o hábito de sono e o nível de estresse, por exemplo, interferem no risco de depressão e, consequentemente, nos resultados da pesquisa.

"Pode ser que as pessoas que comem mais processados tenham uma vida mais estressante, o que pode aumentar o risco de ter a doença", afirma. "Isso relativiza os achados."

INDUSTRIALIZADOS
Consumir muitos doces, frituras e gordura eleva chance de sofrer de depressão.

Vitamina é usada contra esclerose

Fonte: FSP

Pacientes com esclerose múltipla têm sido tratados também com vitamina D pelo neurologista Cícero Galli Coimbra, da Unifesp. Pesquisas mostram que pessoas com esclerose e outras doenças autoimunes
têm uma dificuldade genética de sintetizar vitamina D. "Essa produção é o mecanismo que a natureza criou para impedir que o sistema imunológico agrida o próprio organismo", afirma.

Isso quer dizer que esses pacientes têm resistência ao nutriente e precisam de doses elevadas para evitar a agressão do sistema imune. Os melhores resultados são obtidos com doses diárias que variam de 20 mil a
40 mil UIs (unidades internacionais) de vitamina.

O tratamento foi desenvolvido com base em estudos que mostram que as pessoas com as manifestações mais graves da doença são as que apresentam os menores índices de vitamina D no organismo.

"Pode demorar até algumas décadas, mas fatalmente a medicina vai usar a vitamina D como a principal forma de combater doenças autoimunes. O que vai atrasar isso é o preconceito dos médicos com relação à vitamina e a questão é econômica -remédios contra essas doenças são caros e há um
grande público consumidor."

A empresária Vera de Melo Folli, 53, ingere 25 mil UI diariamente há quatro anos. "Fiz o tratamento tradicional contra esclerose por dois anos, mas estava piorando e sentia muitos efeitos colaterais. Desde
2005, eu uso somente a vitamina D e nunca mais tive crises. Trabalho 14 horas por dia e tenho uma energia absurda", conta.

Ela monitora os índices de vitamina D por exame de sangue e tem consultas médicas a cada seis meses. (JS)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Muita cerveja pode provocar surgimento de barriga


A culpa pela famosa "barriguinha de cerveja" está mais relacionada à quantidade exagerada que se bebe de uma só vez do que às bebidas alcoólicas em si, indica estudo realizado pela Sociedade Europeia de
Cardiologia.

A pesquisa, feita com 28.594 pessoas, revela que aquelas que bebem pelo menos 80 gramas de álcool em uma única ocasião têm mais risco de acumular gordura abdominal do que as pessoas que consumirem a mesma quantidade, mas ao longo de diversos dias.

Segundo Marcio Mancini, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), como a cerveja possui menor teor alcoólico do que vinhos e destilados, é mais comum ser consumida em grandes quantidades em uma única oportunidade, geralmente com o acompanhamento de salgados e porções calóricas. "Tudo de uma só vez. Isso é o prejudicial", explica.

Daniel Lerário, endocrinologista do hospital Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, explica que as pessoas que consomem bebidas alcoólicas tendem, sim, a ficar com um pouco de barriga -principalmente no caso de cerveja e vinho, que contribuem para o aumento da gordura localizada. No entanto, ele afirma que a bebida sozinha não é responsável pelo excesso de peso. "Basta observar como os alcoolistas são magros", diz.

HAPPY HOUR
Pessoas que tomam muito álcool ao longo dos dias têm menos risco de apresentar o problema.

Fonte: FSP

Consumo diário de café retarda evolução de doenças no fígado


Pesquisa avaliou 766 pacientes com hepatite C crônica e que não respondiam mais ao tratamento,

O consumo regular de café pode ajudar a retardar a progressão da hepatite C crônica, aponta um estudo publicado na revista "Hepatology".

Os pesquisadores avaliaram a rotina de ingestão de café e de chás entre 766 pacientes com hepatite C e que não respondiam mais ao tratamento convencional com medicamentos.

A cada três meses, durante cerca de quatro anos, os participantes foram submetidos a biópsia do fígado para determinar a evolução da doença. Os pesquisadores constataram que aqueles que consomem mais de três xícaras de café por dia reduzem em 53% o risco da evolução da doença em relação aos que não bebem. O mesmo efeito não foi observado entre aqueles que tomavam chá preto ou chá verde.

Segundo a hepatologista Helma Cotrim, responsável pelo Ambulatório de Estudo das Hepatites do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia, a relação entre o consumo regular de café e o atraso da evolução da doença hepática já havia sido observada em estudos menores, mas essa é a primeira pesquisa de impacto a apontar essa relação. Uma das hipóteses para explicar o benefício é que a cafeína reduziria a quantidade de enzimas aminotransferase no fígado -presentes nas células hepáticas e que aumentam quando sofrem agressões. Os pesquisadores também detectaram menor resistência à insulina entre os bebedores de café e menor estresse oxidativo nas células (por causa dos componentes antioxidantes do café). Esses dois fatores também influenciam na evolução da doença hepática.

"Os pesquisadores avaliaram pacientes com o fígado doente, por isso não podemos estender os resultados como uma possível medida preventiva. Mesmo assim, os dados abrem uma perspectiva de estudo em portadores de hepatite C que ainda não desenvolveram a doença."

Para a médica, se outros estudos comprovarem o mesmo benefício entre pacientes saudáveis, o impacto na prática clínica será imenso. "Junto com todas as outras medidas que tomamos para evitar a progressão da doença, poderíamos estimular o consumo de café, que é um alimento simples e disponível para todos", diz. O hepatologista clínico Márcio Dias de Almeida, da equipe de transplante de fígado do hospital Albert Einstein, diz que os resultados são promissores, mas pondera que os autores ainda não conseguiram explicar de que maneira exatamente a cafeína age no fígado.

Fonte: FSP

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Uma política pública para a educação alimentar


Uma política pública para a educação alimentar

Walter Belik
Dag Mendonça Lima

 
(Foto: Antoninho Perri)O sistema público de saúde brasileiro gasta alguns bilhões de reais tratando de doenças que poderiam ser facilmente evitadas através da informação e educação alimentar. Em boa parte dos países da Europa, as crianças recebem informações na escola sobre a produção e a qualidade dos alimentos que consomem. Nesses países, a publicidade de alimentos está banida do horário nobre da TV e os apresentadores de programas infantis estão proibidos de anunciar qualquer tipo de alimento ou bebida. No Brasil, em nome da liberdade de informação, crianças e adolescentes são bombardeadas com todo tipo de apelo anunciado por super-heróis, craques de futebol e artistas para que se juntem ao clube dos novos consumidores.

Vivemos atualmente no país uma fase que os técnicos denominam de transição epidemiológica na qual estamos passando da alta prevalência de doenças infecciosas, sempre associadas à desnutrição para novas enfermidades, de características degenerativas muito associadas ao estilo de vida urbano. O crescimento econômico dos últimos anos e a redução dos níveis de pobreza lançaram um alerta sobre a necessidade de conhecer e controlar melhor aquilo que o brasileiro come.

Tomando-se como base a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2003, podemos observar que para cada real adicional de renda, o brasileiro tende a gastar uma parcela significativa em alimentos. Curiosamente, a alimentação fora de casa tende a aumentar em uma proporção até mesmo maior que o próprio consumo domiciliar, dado o atrativo que essa representa no imaginário das classes mais pobres. Entre 2003 e 2008 aproximadamente 20 milhões de brasileiros saíram da pobreza e, nesses anos todos, o consumo de alimentos não para de crescer. Dados extraídos da Abras – Associação Brasileira de Supermercados dão conta que as vendas físicas de alimentos no auto-serviço cresceram 8,98% em 2008 (no ano da crise) e no ano de 2009, até o mês de agosto, essas vendas registram um aumento real de 5,30%.

O consumo de alimentos envolve um processo social que engloba múltiplas maneiras de acesso de bens e serviços, definindo a identidade do indivíduo, estilos de vida e status social, apresentando uma maneira de se descartar e diferenciar, a partir do que consome, o grupo ao qual pertence. A necessidade do consumo diz respeito não somente às necessidades mais básicas para a manutenção da saúde e da vida através do estabelecimento das funções vitais, mas também pela relação e grande apelo que a mídia exerce sobre os consumidores. A mídia agrega aos produtos satisfação individual no consumo de certos alimentos, e também faz despertar interesse no consumo de novos alimentos através de estratégias de marketing bastante eficientes.

Nesse sentido, avaliar a influência da mídia no comportamento de consumo do público comum, e em especial do público infantil, é condição básica para avaliar os níveis de ingestão de alimentos ou grupos de alimentos que podem de alguma maneira não ser adequados para o consumo, podendo provocar algum prejuízo à saúde desta parcela da população. No Brasil esta discussão está em processo adiantado e teve como origem uma consulta pública proposta pela Anvisa em 2006. A previsão é de que até o final de 2010 o Congresso aprove recomendações e normas de marketing e publicidade, especialmente aquelas voltadas para o público infantil.

Em meio a essa discussão o Nepa (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp), em parceria com o Idec – Instituto de Defesa do Consumidor, está divulgando os resultados de uma pesquisa realizada em 14 países de três continentes sobre o conteúdo nutricional dos lanches consumidos nas principais redes de fast-food. As conclusões demonstram os efeitos negativos da propaganda e a baixa preocupação dessas empresas com relação à informação e a apresentação de alternativas saudáveis aos consumidores.

Para apresentar os resultados desse trabalho, e conhecer o que pensam os especialistas e os órgãos de regulação, o Nepa organizou no último dia 16 de outubro, dia mundial da alimentação, a mesa-redonda “Mudanças nos Hábitos de Consumo e Saúde”. Como sabemos, o tema é bastante controverso e a Unicamp não poderia estar à margem desta discussão.  

Walter Belik é professor do Instituto de Economia (IE) e coordenador do Nepa (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp);  

Dag Mendonça Lima é pesquisador do Nepa

Fonte: Jornal UNICAMP - ANO XXIV – Nº 445