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domingo, 29 de novembro de 2009

A dieta dos sentidos

Um novo e polêmico regime faz sucesso nos Estados Unidos prometendo a perda de peso por meio do consumo de pratos ricos em aroma e sabor

Cilene Pereira e Renata Cabral

 A mais nova promessa de emagrecimento rápido e sem sofrimento tem seu segredo não na boca, como é de costume, mas no nariz. No livro "Sensa Weight-Loss Program, the Accidental Discovery that´s Transforming the Way People Lose Weight" (em português, Programa de Perda de Peso Sensa, a Descoberta Acidental que Está Transformando a Maneira Pela Qual as Pessoas Perdem Peso), o neurologista americano Alan Hirsch sustenta que é possível emagrecer consumindo a refeição desejada, desde que ela seja bastante aromática. Lançada no início do mês nos Estados Unidos, a obra logo alcançou destaque entre os mais vendidos da categoria saúde e bemestar, dando início a uma onda de pessoas caprichando nos temperos e outros artifícios culinários na esperança de perder alguns quilos.

No livro, Hirsch conta que o grande estalo para o que considera uma revolução na maneira de tratar a obesidade veio a partir de sua experiência com portadores de doenças neurológicas e psiquiátricas. Em suas observações, o médico diz ter notado que um bom número de doentes apresentava prejuízo no olfato. Ou haviam perdido esse sentido ou o tinham bem reduzido. Além disso - e aí teria sido sua principal constatação -, muitos engordavam. "Resolvi investigar o que acontecia", disse ele à ISTOÉ. "Era o oposto do que imaginávamos." De fato, o comum é pensar que, quando se perde a capacidade de sentir o aroma da comida, a tendência é comer menos. Portanto, emagrecer, e não engordar.

Foi assim que, nos últimos 25 anos, ele coordenou vários estudos sobre a relação entre o olfato e o paladar e o ganho ou a perda de peso. Os trabalhos foram desenvolvidos com sua equipe no Smell & Taste Treatment and Research Foundation, entidade fundada e dirigida por ele e com sede em Chicago, nos EUA. A última pesquisa, concluída há cerca de um ano, foi apresentada na reunião da Sociedade Americana de Endocrinologia. Hirsch pediu a 2.436 pessoas obesas ou com sobrepeso para colocarem em suas refeições uma variedade de compostos aromáticos - condensados em pequenos cristais - criados em seu laboratório. Os sabores dessas substâncias eram de queijo cheddar, cebola, molho ranch, taco, parmesão, cacau, hortelã, banana, morango, malte e amora. Um grupo controle, com 100 pessoas, não usou os compostos.

Todos os participantes foram acompanhados durante seis meses e receberam a orientação de manter inalterada sua rotina alimentar e de exercício físico. O índice de massa corporal (IMC), que atesta se uma pessoa está obesa ou não, foi medido antes e depois do estudo. Ao final, os 1.436 participantes que completaram o experimento perderam cerca de 15 quilos, comparado com apenas um quilo entre os integrantes do grupo controle. O IMC do primeiro grupo baixou cinco pontos, enquanto naqueles que não usaram as substâncias aromáticas a queda no índice foi de 0,3.


Saciedade precoce

A explicação de Hirsch para esses resultados estaria na ligação entre os aromas e o centro de saciedade do corpo, localizado no cérebro. "Ao atingirem o bulbo olfativo, as moléculas do cheiro acionam também o hipotálamo, estrutura responsável pela saciedade", argumenta. Portanto, segundo sua teoria, ao aspirarmos algo bastante aromático, acionamos mais rapidamente o sistema que diz ao organismo que não é mais necessário continuar ingerindo alimentos. "Se você passa muito tempo cozinhando um molho para o espaguete, quando vai comê-lo quase sempre já perdeu a vontade porque já sentiu demais o seu cheiro", exemplifica o neurologista. O mesmo processo ocorreria quando, além de cheirosa, a refeição é saborosa. Isso aconteceria porque paladar e olfato estão intimamente associados.

A dieta proposta pelo neurologista, no entanto, baseia-se não no uso de recursos como temperos e ervas, que naturalmente deixam qualquer prato mais saboroso e cheiroso, mas na utilização dos cristais aromáticos que desenvolveu. Ao longo dos anos, ele diz ter testado quatro mil diferentes compostos. Chegou a 12 - seis salgados e seis doces -, que considerou mais eficientes. E são esses produtos que estão à venda, além do livro recém-lançado.

 Adesivo para o olfato


As pesquisas de Hirsch acabaram gerando outras novidades. Hoje, há no mercado americano pelo menos três produtos que prometem a perda de peso a partir da potencialização do olfato. O primeiro é o Aroma Patch. Tratase de um adesivo que exala um cheiro de baunilha. Deve ser colocado na mão, no pulso ou no peito. O objetivo, segundo os criadores, é gerar uma espécie de resposta condicionada, como se o cheiro de baunilha estivesse presente o tempo todo para lembrar ao usuário que é preciso comer menos. "Quando você forma uma associação entre um cheiro específico e seu desejo de controlar a quantidade de comida que quer ingerir, aprende a controlar melhor o seu peso", afirmou à ISTOÉ Steven Petrosino, responsável pela comercialização do adesivo.

O outro recurso é o SlimScents, uma caneta com aromas apontados como "agradáveis". A pessoa deve inalar os cheiros minutos antes de iniciar as refeições. Há ainda o HappyScent. A fabricante criou objetos aromáticos, parecidos com pequenas velas, que contêm o cheiro de hortelã, banana e maçã verde. Eles devem ser colocados sobre a mesa de trabalho, dentro do carro, na bolsa. E devem ser cheirados cinco a seis minutos antes das refeições. Lançado no início do ano, o produto é um sucesso. "As vendas estão ótimas", disse à ISTOÉ Donna Schilder, a responsável pela novidade.

No Brasil, a abordagem de usar o olfato para facilitar a dieta encontra sustentação entre vários especialistas. "O estímulo do aroma é capaz de produzir a liberação de hormônios que interferem no apetite", diz a nutricionista Kelly Fu Chen, do Centro Emex, Nutrição Orientada, em São Paulo. "O resultado é uma saciedade precoce quando o estímulo da refeição começa antes de o garfo chegar à boca", afirma a nutróloga Regina Mestre, do Rio de Janeiro. "Dessa maneira, a sensação aparece antes do que a pessoa está acostumada", completa Daniela Jobst, de São Paulo. Na opinião da nutricionista Patrícia Haiat, do Rio de Janeiro, há ainda outro efeito: "Ervas como manjericão e alecrim possuem óleos essenciais que induzem a reações como controle sobre o apetite e redução da compulsão", diz.




Na rotina de seus consultórios, as especialistas incentivam os pacientes a apostar em refeições ricas em cheiros e sabores. É o que faz, por exemplo, a psicóloga Liz Von Der Maase, 51 anos, de São Paulo. Usar os sentidos é um recurso do qual lança mão até na hora de escolher as frutas que vai levar para casa quando está fazendo compras. "Cheiro, toco no que desejo comprar", conta. Em casa, Liz recorre ao manjericão, alecrim e gengibre, entre outras alternativas, para incrementar os pratos e aumentar o prazer na hora de comer. "Acredito que fazer uma refeição é muito mais do que apenas ingerir os alimentos. 

Quando não há opções que estimulem os sentidos, parece que está sempre faltando algo." No Rio de Janeiro, Wesley Faria, 23 anos, era cliente tão assíduo do restaurante Universo Orgânico, onde os pratos são cheios de ervas e temperos, que acabou se tornando gerente do empreendimento. "Os pratos me deixam saciados", diz.

A verdade, porém, é que ainda há muito a ser esclarecido nessa questão. É inegável que saborear uma refeição rica em aromas é muito mais prazeroso. Além disso, há de fato estudos - além dos realizados por Hirsch - indicando uma associação entre olfato e apetite. Um trabalho feito pelo americano John Poothulil, por exemplo, apontou um resultado interessante. Durante um mês, ele orientou sete mulheres a prestar mais atenção ao paladar e olfato no momento de degustar um prato.


Elas também deviam encerrar a refeição assim que o prazer não fosse mais tão significativo. Depois do período da pesquisa e um ano após seu encerramento, todas tinham perdido peso. "Minha hipótese é a de que os seres humanos têm um mecanismo natural que usa o paladar e o olfato para regular a quantidade de comida ingerida", disse o pesquisador à ISTOÉ. "As participantes ingeriram menos alimentos quando encerravam a refeição baseadas na satisfação sensorial."


A armadilha do açúcar



Um outro experimento, realizado na Penn State College of Medicine, nos EUA, sugere que a obesidade gradualmente torna menos sensível o paladar para doces, levando o indivíduo a consumir mais desses alimentos. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores implantaram eletrodos no cérebro de cobaias (ratos) magras e gordas para medir suas reações a vários sabores: salgado, cítrico, aguado e seis diferentes concentrações de açúcar. Eles olharam para a parte do cérebro que processa as informações enviadas pela superfície da língua. "Vimos que os ratos obesos tinham 50% menos neurônios trabalhando quando suas línguas eram expostas ao açúcar, o que sugere que eles são menos sensíveis a esse nutriente, afirmou Andras Hajnal, coordenador do estudo, publicado no "Journal of Neurophysiology".



A resposta aos sabores salgados foi a mesma em magros e gordos. "Concluímos que, se você sente menos o doce, tende a consumi-lo em maior quantidade para poder saboreá-lo mais", disse o pesquisador. "Em vez de comer menos, aumentamos nossa procura pelo paladar. E colocamos mais uma colher de açúcar no café."

O grande problema é que, por outro lado, também existem pesquisas demonstrando que quanto menos capacidade de sentir o cheiro e o sabor da refeição, menor é o ganho de peso. Isso porque a falta destes atrativos funcionaria como um fator de rejeição aos alimentos. Uma pesquisa divulgada na edição de abril do "Journal of Supportive Oncology", por exemplo, provou que o câncer e seus tratamentos podem prejudicar o olfato e o paladar. Isso, segundo os estudiosos, levaria os pacientes a adotar uma alimentação de qualidade ruim, podendo gerar inclusive uma subnutrição. 





Os cientistas da Virginia Tech - Wake Forest University Comprehensive Cancer Center fizeram essa constatação após realizar uma ampla revisão sobre vários trabalhos acerca do tema. De acordo com Susan Duncan, professora de ciência da alimentação, um paladar ruim pode prejudicar a vontade de comer. No jornal "Neurology", outra experiência, desta vez com mulheres portadoras de demência, apontou que cerca de 20 anos antes do aparecimento dos primeiros sinais do problema elas começavam a perder peso. Segundo os pesquisadores, isso seria resultado de uma perda de olfato associada ao início do desenvolvimento da doença.

Spray para emagrecer


Com base nesses estudos - e trilhando caminho oposto ao sugerido pelo neurologista Hirsch -, a empresa Compellis Pharmaceuticals, nos EUA, está desenvolvendo um spray nasal para bloquear o olfato e, dessa maneira, diminuir a vontade de comer. De acordo com os fabricantes, estudos realizados previamente em animais indicaram que o produto seria eficaz. "Agora, estamos testando o spray em 25 pessoas", contou à ISTOÉ Christopher Adams, diretor da empresa. Esta primeira fase dos estudos clínicos deve ser concluída até o final do ano. "Esperamos lançar o produto dentro de três anos", disse Adams.

O fato é que, por conta de resultados tão díspares, para muitos estudiosos o assunto ainda é complexo demais para que se possa ter uma certeza cabal de qual seria, afinal, a relação entre o olfato e o paladar e o apetite. "Observamos que algumas pessoas que perdem esses sentidos de fato ganham peso. Mas outras emagrecem", disse à ISTOÉ Richard Doty, diretor do Smell & Taste Center, da Universidade da Pensilvânia, nos EUA.

Na opinião de Leslie Stein, pesquisadora do Monell Chemical Senses Center, também nos EUA, a diferença de respostas pode estar vinculada a fatores como a relação que cada um estabelece com a comida. "Algumas pessoas com o olfato e paladar prejudicados podem engordar porque comem mais, na tentativa de compensar a falta do prazer que esses sentidos proporcionam", disse à ISTOÉ. "E outras podem fazer o contrário, pela mesma razão." Diante disso tudo, é possível ter pelo menos um consenso: a recomendação dos especialistas é a de que os sentidos devem sim ser usados na hora de comer. Mas sempre a nosso favor.

Fotos: Daniela Dacorso; Marco Pinto / Ag.istoé




terça-feira, 17 de novembro de 2009

Dieta rica em gorduras controla risco cardíaco.


ULLIANE SILVEIRA


Uma dieta composta por 40% de gorduras se mostrou melhor para controlar fatores da síndrome metabólica (conjunto de sintomas que elevam o risco cardíaco) do que um regime com baixo teor do nutriente (20%) em um estudo duplo-cego randomizado com 64 pacientes obesos que tinham o problema. O trabalho foi apresentado ontem (16) no congresso da American Heart Association.


Os pacientes foram divididos em dois grupos. A alimentação de ambos era composta diariamente por 8% de gorduras saturadas, 15% de proteínas e 25 gramas de fibras. O cardápio do primeiro grupo tinha 40% de gordura predominantemente monoinsaturada (proveniente de óleos vegetais, como o azeite, e nozes) e 45% de carboidratos. O segundo grupo recebeu cerca de 20% do mesmo tipo de gordura e 65% de carboidratos.

Após quatro semanas de regime, pacientes do grupo que recebeu maiores teores de gordura apresentaram queda de 17 mg/dl no colesterol total e de 11,6 mg/dl no LDL (colesterol "ruim"). No outro grupo, a queda foi de, respectivamente, 1,2 mg/dl e 3,4 mg/dl. Os que consumiram menos gordura também tiveram aumento nas taxas de triglicerídeos -11 mg/dl, enquanto o outro grupo apresentou queda de 28,6 mg/dl.

"Precisamos avaliar ainda o papel das gorduras monoinsaturadas para entender por que elas contribuíram para os melhores resultados. Mas as maiores taxas de carboidrato também influenciaram nos piores índices no grupo que recebeu menos gordura", disse Pathmaja Paramsothy, autora do estudo e pesquisadora da Universidade de Washington.

Sabe-se que as gorduras monoinsaturadas ajudam na redução das taxas de LDL no sangue. Em contrapartida, dietas ricas em carboidratos podem estar ligadas ao aumento dos níveis de triglicerídeos.
Para o endocrinologista Márcio Mancini, responsável pelo Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica da Disciplina de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, os bons resultados do grupo que ingeriu mais gordura se devem mais à redução da oferta de carboidratos do que ao aumento de gordura.

"Dietas ricas em carboidratos podem levar ao aumento dos triglicerídeos, que costumam ter seus níveis reduzidos quando se restringem carboidratos. Além disso, quando se restringem os carboidratos, o organismo sofre um desvio do metabolismo e tem redução de apetite, o que pode ter colaborado para uma boa aderência às recomendações dietéticas do grupo que ingeriu mais gordura", acrescenta.

 Fonte: FSP

Estudo sugere mais calorias na dieta.


Quantidade ingerida por dia poderia ser 16% maior

Humberto Maia Junior, JORNAL DA TARDE

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Uma pesquisa feita na Inglaterra sugere que a quantidade média de calorias que uma pessoa precisa para viver de forma saudável está subestimada. Segundo estudo preliminar feito pelo Comitê Científico Consultivo em Nutrição, ligado ao governo britânico, o consumo diário poderia ser 16% maior.

Atualmente, um homem com vida ativa deve ingerir cerca de 2,5 mil kcal e uma mulher, 2 mil kcal. Se o estudo for confirmado, o acréscimo poderá permitir que uma pessoa coma, diariamente, cerca de 400 kcal a mais - o equivalente a um cheeseburger. A ressalva: esse bônus só poderia ser aproveitado por quem pratica exercícios físicos. Caso contrário, o risco de obesidade seria agravado.

Segundo o comitê, o estudo traz uma avaliação mais precisa de como a energia pode ser queimada por meio da atividade física - daí o acréscimo no consumo alimentar.

Para ser aceito na Grã-Bretanha, o aumento na recomendação de ingestão calórica precisa ser analisado durante 14 semanas. Se for aprovado e adotado no Brasil, a tabela com informações nutricionais presente nas embalagens de alimentos deverá sofrer alterações.

A proposta causou polêmica entre ativistas da área de saúde. O receio é que a mudança seja entendida pela população como uma maior liberalidade no consumo alimentar, o que poderia levar ao aumento dos índices de obesidade.

"Isso não pode ser visto como sinal verde para comer loucamente", disse Tam Fry, do Fórum Nacional de Obesidade da Grã-Bretanha, que classificou a ideia como perigosa e sugeriu que o relatório seja "varrido para debaixo do tapete".

A nutricionista Solange Hypólito, do Conselho Regional de Nutricionistas de São Paulo, alerta para o erro de se confiar em valores médios de consumo. Ela explica que a necessidade alimentar diária varia para cada pessoa. Certo, segundo ela, é que um homem, para sobreviver, não pode consumir menos que 1,5 mil kcal diariamente e a mulher, menos de 1,2 mil kcal.

Fonte: Estadão

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Consumo de grãos previne e trata o diabetes.

da Folha Online
 
O consumo regular de grãos integrais reduz de 20% a 40% as chances de desenvolver o diabetes tipo 2, que tem causas relacionadas à má alimentação e à obesidade --e que, nos últimos anos, vem se tornando uma epidemia global. Os grãos contêm fibras e magnésio, e seu consumo ajuda a controlar a glicemia de diabéticos tipo 2, inclusive permitindo a redução da quantidade de medicamentos necessários ao tratamento.

As informações são do livro "A Dieta Milagrosa dos Grãos", da Publifolha. O volume oferece um programa alimentar baseado em grãos integrais que ajuda a emagrecer e traz benefícios à saúde comprovados cientificamente como redução da pressão arterial, dos níveis de colesterol e do risco de doenças como o diabetes.
Está comprovado, por exemplo, que as dietas ricas em trigo-sarraceno, milho e aveia colaboram para o controle do diabetes tipo 2. O pão feito das sementes de trigo sarraceno diminui o nível de glicose no sangue e melhora a produção de insulina pelo pâncreas após as refeições.

Leia abaixo trecho do livro sobre como o consumo de grãos integrais pode beneficiar na prevenção e controle do diabetes tipo 2.
 
Diabetes Tipo 2
O diabetes é definido pelo aumento anormal do nível basal de açúcar ou glicose no sangue. Os tipos mais comuns de diabetes são o 1 e o 2. O tipo 1 se desenvolve subitamente devido a uma reação auto-imune. Os diabéticos do tipo 1 não conseguem produzir insulina. O tipo 2, influenciado pela alimentação e pela obesidade, se desenvolve ao longo do tempo. Infelizmente, ele vem se tornando uma epidemia global, mas o consumo regular de grãos integrais pode ajudar a preveni-lo.

Quem está em risco?

O diabetes tipo 1 geralmente surge na infância e por isso costumava ser chamado de diabetes juvenil. O tipo 2, por outro lado, está relacionado ao excesso de produção de insulina decorrente do pouco efeito da ação deste hormônio no organismo. Ele é muito mais comum em pessoas com sobrepeso ou obesas. Embora o tipo 2 já tenha sido chamado de diabetes adulto, hoje é diagnosticado até mesmo em crianças com menos de 10 anos.

Pré-condições para o diabetes tipo 2

O diabetes tipo 2 não surge da noite para o dia. Antes de aparecer a doença, quase sempre as pessoas desenvolvem o "pré-diabetes" ou "intolerância glicêmica" - quadro em que o corpo se torna pouco capaz de absorver os carboidratos ingeridos (especialmente os açúcares simples) e desenvolve resistência à insulina. Essas anormalidades acabam levando ao desenvolvimento do diabetes tipo 2. O consumo de grãos integrais pode interferir tanto na intolerância glicêmica quanto na resistência à insulina e desempenhar um papel importante no tratamento e na prevenção do diabetes.

A fibra e o controle das taxas de açúcar no sangue

A relação entre as fibras presentes nos grãos integrais e o controle da glicemia não é um conceito novo. Já em 1970, a "hipótese da fibra" de Denis Burkitt e Hugh Trowell apresentou o efeito benéfico do consumo de fibras na prevenção do diabetes tipo 2. Em um artigo datado de 1979, James Anderson (outro defensor dessa hipótese) descreveu a importância das fibras para o organismo. Desde então, centenas de pesquisas examinaram outras "hipóteses da fibra" e comprovaram diversos benefícios que antes eram apenas hipotéticos. O mecanismo exato de como essas fibras afetam o corpo ainda está em estudo, mas, em geral, as pesquisas mostram uma redução de 20% a 40% do risco de diabetes entre os indivíduos que consomem grãos integrais.

Outro estudo demonstrou que as pessoas que mais consomem grãos integrais são as que apresentam menor nível de insulina em circulação e maior sensibilidade à insulina. Algumas pesquisas mostram que quanto maior o tamanho do grão, maior o tempo de sua digestão e mais lento o aumento do nível de glicose no sangue. Isso faz que haja menos insulina em circulação e aumenta (ou ajuda a manter) a sensibilidade do organismo à insulina.

Os grãos ricos em fibras solúveis, como aveia, centeio e cevada, mostraram-se mais eficientes no aumento da sensibilidade à insulina do que aqueles ricos em fibras insolúveis, como trigo integral e trigo-sarraceno. Outros grãos, como milho e arroz branco, não exerceram impacto relevante na sensibilização à insulina. Isso levou alguns pesquisadores a comparar os efeitos de grãos diversos, com quantidades diferentes de fibra.
Substituir o consumo de fibras insolúveis por solúveis pode baixar significativamente os níveis de açúcar e de colesterol no sangue. Para analisar diferentes tipos de fibra, mudou-se a dieta matinal de um grupo de diabéticos tipo 2: os cereais à base de arroz e milho foram trocados por cereais à base de trigo e aveia e um pouco de tanchagem (para aumentar ainda mais a quantidade de fibras insolúveis). Em três meses, os participantes apresentaram redução de triglicérides no sangue (tipo de gordura que aumenta na circulação quando comemos algo) e uma melhora nos níveis de HDL ("colesterol bom"). A conclusão foi que, à medida que o organismo desses diabéticos se adaptava à maior ingestão de fibras, o risco de desenvolver doenças cardíacas diminuiu.

Um efeito combinado

Além de ricos em fibras, os grãos integrais são uma fonte excelente de magnésio. Acredita-se que esse mineral seja fundamental para a prevenção e o tratamento do diabetes tipo 2. Portanto, ainda não se sabe se é a fibra ou o magnésio o fator positivo contra a doença. O mais provável é que seja uma combinação de ambos. Entretanto, podemos simplesmente usufruir dos grãos integrais, cujos efeitos estão comprovados.


sábado, 14 de novembro de 2009

Técnica avalia se PET reciclado é confiável


Que a reciclagem do PET é a melhor alternativa para o país em termos ambientais e econômicos não se tem mais dúvidas. O que, por enquanto, se desconhece é até que ponto a utilização do PET reciclado na composição de embalagens para alimentos seria realmente segura. A partir da resolução 20/2008, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2010, será permitido às indústrias a associação do PET reciclado e virgem para fabricação de embalagens para comportar alimentos. Isto quer dizer que parte do material reciclado estaria em contato direto com o produto. Neste sentido, pesquisadores do Instituto de Química (IQ) já se adiantaram e desenvolveram uma metodologia para aferir a qualidade do produto, inclusive quantificando a presença de PET reciclado nas embalagens.

Segundo o autor da pesquisa, Wanderson Romão, a polêmica é com relação ao risco de uma possível contaminação dos produtos alimentícios, caso os critérios mínimos não sejam respeitados. “A utilização da resina pós-consumo do PET para embalar alimentos, bebidas ou fármacos é bastante discutida, uma vez que as garrafas PET utilizadas, muitas vezes, vão parar em aterros sanitários ou misturadas no lixo comum. Com isso, alguns metais podem migrar para a resina e não ser suficientemente descontaminado dependendo do processo de reciclagem”, explica.

Até então, apenas a resina denominada virgem era permitida para a fabricação das embalagens PET, sendo que a resina pós-consumo tinha o seu uso proibido e não poderia ser utilizada em hipótese alguma para a fabricação de embalagens para alimentos. Em 1998,o Ministério da Saúde permitiu a utilização para acondicionamento de bebidas carbonatadas não alcoólicas, como é o caso do refrigerante. Recentemente, em março de 2008, a Anvisa baixou a resolução com requisitos gerais e critérios para a composição das embalagens utilizando o PET pós-consumo reciclado e descontaminado para o próximo ano.

O PET é o quarto polímero mais fabricado no Brasil e sua principal aplicação é na indústria de embalagens que soma 71%. Cerca de 60% dessas embalagens são recicladas, ou seja, é o polímero mais reciclado no país. A principal destinação é a exportação para outros países, cujo uso mais significativo é na indústria têxtil, na fabricação de camisas, meias e sacolas. Por isso, a pesquisa desenvolvida por Wanderson Romão também encontra outra aplicabilidade, pois o método garantiria a qualidade e assim facilitaria a venda para o mercado externo. “Na Europa, por exemplo, é preciso garantir que o PET vendido é 100% reciclado. Eles não aceitam de maneira nenhuma produto misturado à resina virgem por questões de impactos ambientais”, esclarece.

Romão iniciou o desenvolvimento da metodologia única no país, em 2007, orientado pelo professor Marco-Aurélio De Paoli, quando a utilização da resina pós-consumo ainda era proibida pelas autoridades. Parte do estudo foi em parceria com o Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas e com o Grupo de Espectroscopia de Raios-X, ambos do Instituto de Química. Naquela época, o estudo encontrava maior aplicação para a fiscalização de embalagens contendo PET reciclado. Com as novas resoluções, o método continua importante ferramenta fiscalizadora por permitir controlar a qualidade final do produto a ser oferecido ao consumidor. Em apenas 15 segundos, a partir de procedimentos de extração, é possível mapear e construir mecanismos de detecção dos oligômeros, substâncias presentes apenas no PET, usando medidas de espectrometria de massas. Quando o material é reciclado essas substâncias desaparecem e consegue-se saber o histórico do material, a qualidade, a porcentagem do reciclado, e até mesmo o processo pelo qual foi reciclado, além do estilo do fabricante.

Fonte: Jornal UNICAMP ANO XXIV – Nº 447

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Alimento processado eleva risco de depressão

Fonte: FSP

Pessoas que ingerem grandes quantidades de alimentos industrializados têm 58% mais chance de sofrer de depressão em comparação com as que mantêm uma dieta rica em peixes, vegetais e frutas. A constatação é de um estudo publicado no periódico "British Journal of Psychiatry".

Dados sobre a dieta de 3.500 participantes com 55 anos de idade, em média, foram divididos em dois grupos, segundo o tipo de alimento que eles costumavam ingerir.

O grupo dos que consumiam mais comida processada -como sobremesas adoçadas, fritura, grãos refinados e produtos lácteos com alto teor de gordura- mostrou-se mais vulnerável à depressão em um período de acompanhamento de cinco anos. Ainda não está claro por que alguns tipos de comida podem proteger contra a doença ou aumentar a chance de uma pessoa desenvolver o problema, mas cientistas acreditam que pode haver uma relação com inflamação, assim como ocorre com doenças cardíacas.

Os cientistas fizeram ajustes para gênero, idade, nível educacional e de atividade física, tabagismo e doenças crônicas e, depois disso, a dieta mostrou-se um fator importante para a depressão.

Segundo o psiquiatra Renério Fráguas, coordenador da residência médica do Instituto de Psiquiatria da USP, sabe-se que um aporte insuficiente de vitamina B12, folato e ômega 3 deixa a pessoa mais vulnerável ao transtorno depressivo. Ele pondera, no entanto, que é difícil saber se a organização pessoal, o hábito de sono e o nível de estresse, por exemplo, interferem no risco de depressão e, consequentemente, nos resultados da pesquisa.

"Pode ser que as pessoas que comem mais processados tenham uma vida mais estressante, o que pode aumentar o risco de ter a doença", afirma. "Isso relativiza os achados."

INDUSTRIALIZADOS
Consumir muitos doces, frituras e gordura eleva chance de sofrer de depressão.

Vitamina é usada contra esclerose

Fonte: FSP

Pacientes com esclerose múltipla têm sido tratados também com vitamina D pelo neurologista Cícero Galli Coimbra, da Unifesp. Pesquisas mostram que pessoas com esclerose e outras doenças autoimunes
têm uma dificuldade genética de sintetizar vitamina D. "Essa produção é o mecanismo que a natureza criou para impedir que o sistema imunológico agrida o próprio organismo", afirma.

Isso quer dizer que esses pacientes têm resistência ao nutriente e precisam de doses elevadas para evitar a agressão do sistema imune. Os melhores resultados são obtidos com doses diárias que variam de 20 mil a
40 mil UIs (unidades internacionais) de vitamina.

O tratamento foi desenvolvido com base em estudos que mostram que as pessoas com as manifestações mais graves da doença são as que apresentam os menores índices de vitamina D no organismo.

"Pode demorar até algumas décadas, mas fatalmente a medicina vai usar a vitamina D como a principal forma de combater doenças autoimunes. O que vai atrasar isso é o preconceito dos médicos com relação à vitamina e a questão é econômica -remédios contra essas doenças são caros e há um
grande público consumidor."

A empresária Vera de Melo Folli, 53, ingere 25 mil UI diariamente há quatro anos. "Fiz o tratamento tradicional contra esclerose por dois anos, mas estava piorando e sentia muitos efeitos colaterais. Desde
2005, eu uso somente a vitamina D e nunca mais tive crises. Trabalho 14 horas por dia e tenho uma energia absurda", conta.

Ela monitora os índices de vitamina D por exame de sangue e tem consultas médicas a cada seis meses. (JS)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Muita cerveja pode provocar surgimento de barriga


A culpa pela famosa "barriguinha de cerveja" está mais relacionada à quantidade exagerada que se bebe de uma só vez do que às bebidas alcoólicas em si, indica estudo realizado pela Sociedade Europeia de
Cardiologia.

A pesquisa, feita com 28.594 pessoas, revela que aquelas que bebem pelo menos 80 gramas de álcool em uma única ocasião têm mais risco de acumular gordura abdominal do que as pessoas que consumirem a mesma quantidade, mas ao longo de diversos dias.

Segundo Marcio Mancini, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), como a cerveja possui menor teor alcoólico do que vinhos e destilados, é mais comum ser consumida em grandes quantidades em uma única oportunidade, geralmente com o acompanhamento de salgados e porções calóricas. "Tudo de uma só vez. Isso é o prejudicial", explica.

Daniel Lerário, endocrinologista do hospital Albert Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, explica que as pessoas que consomem bebidas alcoólicas tendem, sim, a ficar com um pouco de barriga -principalmente no caso de cerveja e vinho, que contribuem para o aumento da gordura localizada. No entanto, ele afirma que a bebida sozinha não é responsável pelo excesso de peso. "Basta observar como os alcoolistas são magros", diz.

HAPPY HOUR
Pessoas que tomam muito álcool ao longo dos dias têm menos risco de apresentar o problema.

Fonte: FSP

Consumo diário de café retarda evolução de doenças no fígado


Pesquisa avaliou 766 pacientes com hepatite C crônica e que não respondiam mais ao tratamento,

O consumo regular de café pode ajudar a retardar a progressão da hepatite C crônica, aponta um estudo publicado na revista "Hepatology".

Os pesquisadores avaliaram a rotina de ingestão de café e de chás entre 766 pacientes com hepatite C e que não respondiam mais ao tratamento convencional com medicamentos.

A cada três meses, durante cerca de quatro anos, os participantes foram submetidos a biópsia do fígado para determinar a evolução da doença. Os pesquisadores constataram que aqueles que consomem mais de três xícaras de café por dia reduzem em 53% o risco da evolução da doença em relação aos que não bebem. O mesmo efeito não foi observado entre aqueles que tomavam chá preto ou chá verde.

Segundo a hepatologista Helma Cotrim, responsável pelo Ambulatório de Estudo das Hepatites do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia, a relação entre o consumo regular de café e o atraso da evolução da doença hepática já havia sido observada em estudos menores, mas essa é a primeira pesquisa de impacto a apontar essa relação. Uma das hipóteses para explicar o benefício é que a cafeína reduziria a quantidade de enzimas aminotransferase no fígado -presentes nas células hepáticas e que aumentam quando sofrem agressões. Os pesquisadores também detectaram menor resistência à insulina entre os bebedores de café e menor estresse oxidativo nas células (por causa dos componentes antioxidantes do café). Esses dois fatores também influenciam na evolução da doença hepática.

"Os pesquisadores avaliaram pacientes com o fígado doente, por isso não podemos estender os resultados como uma possível medida preventiva. Mesmo assim, os dados abrem uma perspectiva de estudo em portadores de hepatite C que ainda não desenvolveram a doença."

Para a médica, se outros estudos comprovarem o mesmo benefício entre pacientes saudáveis, o impacto na prática clínica será imenso. "Junto com todas as outras medidas que tomamos para evitar a progressão da doença, poderíamos estimular o consumo de café, que é um alimento simples e disponível para todos", diz. O hepatologista clínico Márcio Dias de Almeida, da equipe de transplante de fígado do hospital Albert Einstein, diz que os resultados são promissores, mas pondera que os autores ainda não conseguiram explicar de que maneira exatamente a cafeína age no fígado.

Fonte: FSP