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sábado, 19 de dezembro de 2009

Café e chá são ligados a menor risco de diabetes

Consumo foi associado a até 36% menos chances de sofrer da doença

Antioxidantes presentes nesses alimentos poderiam atuar nas células produtoras de insulina, evitando sua oxidação e posterior lesão

JULLIANE SILVEIRA DA REPORTAGEM LOCAL

O consumo regular de café ou chá pode reduzir o risco de diabetes tipo 2, mostra uma metanálise de 18 estudos publicada no "Archives of Internal Medicine". Os pesquisadores avaliaram trabalhos que consideraram a ingestão de café normal, descafeinado e chá.

Após excluírem variáveis que poderiam influenciar no aparecimento do diabetes, eles calcularam, em comparação com quem não ingere nenhuma dessas bebidas, que cada xícara (150 ml) de café diária reduz em 7% as chances de desenvolver a doença. No caso do descafeinado, o consumo de três ou quatro xícaras por dia foi relacionado a um risco 36% menor, e quem bebia a mesma quantidade de chá apresentou 18% menos chances.

Uma das hipóteses é a de que substâncias antioxidantes presentes nas bebidas, como os ácidos clorogênicos, atuem nas células beta, responsáveis por sintetizar insulina (hormônio que promove a absorção de glicose). O excesso de oxidação pode lesar as células.

A UnB (Universidade de Brasília) também desenvolve uma pesquisa para avaliar a ação do café na prevenção de diabetes. Foram entrevistados por telefone cerca de mil voluntários. Desses, 70 foram avaliados em laboratório. Os dados serão divulgados em 2010, mas os resultados preliminares são bons.

"Populações de diferentes países apresentaram resultados consistentes, e agora avaliamos no Brasil. Várias pesquisas apontam que quem consome café regularmente tende a desenvolver o quadro de diabetes mais tardiamente. No entanto, temos o hábito de consumir com açúcar e, por isso, podemos ter diferença de resposta", afirma a nutricionista Teresa Helena Macedo da Costa, uma das responsáveis pelo trabalho e professora da UnB.

Quanto consumir

Pesquisadores indicam a ingestão diária de até 600 ml de café filtrado por dia ou de chá, o equivalente a quatro xícaras, para se obterem os benefícios. "Esses estudos mostram que, do ponto de vista cardiológico, não há razões para evitar tomar café", afirma o cardiologista Luiz Antônio Machado César, do InCor (Instituto do Coração), onde também pesquisa sobre consumo de café e problemas cardiovasculares.

"É uma revisão de vários estudos, mas isso não se transfere para a prática clínica de imediato. Quando sai um trabalho em uma revista de impacto, a interpretação pode ser "vamos tomar café para prevenir diabetes", mas não é assim", contrapõe Antônio Roberto Chacra, diretor da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) de São Paulo. Médicos ouvidos pela Folha e os autores do estudo consideram que ainda faltam estudos controlados que comparem pessoas que consomem as bebidas com grupos controle que não as ingerem para ser possível passar a uma indicação clínica desses alimentos

Fonte: FSP

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