Pesquisa personalizada

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Grão-de-bico é fonte de bem-estar físico e emocional

ISABELA ASSUMPÇÃO Brasília, DF

Tomates bem vermelhos, pimentões ainda mais coloridos e mais nutritivos, grãos preciosos: um verdadeiro tesouro cultivado em estufas. Será possível melhorar o que a natureza nos oferece, com uma pitada de ciência?

 
A partir do estudo das hortaliças e conhecendo cada elemento que elas contêm, o pessoal da Embrapa realiza suas pesquisas. O objetivo é melhorar geneticamente as hortaliças e fazer com que elas sejam cada vez mais fontes eficientes de bem estar físico e até emocional. O que se estuda no laboratório e no campo vai melhorar o que todos nós comemos em casa.

Em uma horta, os agrônomos Leonardo Boiteux e Maria Esther Fonseca, da Embrapa Hortaliças, colhem os resultados de suas pesquisas, como ervilhas, lentilhas e grão-de-bico.

Provavelmente pouca gente conhece uma plantação de grão-de-bico. Leonardo explica que ela demora em torno de 100 dias para chegar à fase dos grãos. “É uma característica das leguminosas, em especial do grão-de-bico, acumular triptofano, que é um aminoácido que é precursor da serotonina que é o neurotransmissor que dá o bem-estar para o ser humano”, o pesquisador da Embrapa Hortaliças.

“O tipo de lipídios que tem no grão-de-bico, ômega 3 e 6, evita doenças circulatórias e coronárias. A proteína é rica em triptofano, que favorece o bem-estar. É precursor da serotonina, que está relacionada com o bem-estar. Até o carboidrato do grão-de-bico é especial, porque ele tem um índice glicêmico baixo, que é bom para pessoas com diabetes e mesmo para evitar a chegar o diabetes. O valor calórico dele é baixo”, aponta a pesquisadora Maria Esther Fonseca.

“É uma jóia e tem uma variabilidade genética para melhorar ainda mais”, ressalta o pesquisador da Embrapa Hortaliças.

Para isso, Leonardo e Esther estudam vários tipos de grãos.

“O objetivo nesse projeto é explorar os diversos tipos de grãos-de-bico, para combinar características de produtividade e altos teores de ômega 3, 6 e triptofano. A gente faz cruzamentos, e selecionamos os filhos mais produtivos para as características de interesse”, explica Leonardo.

É assim também com os tomates e pimentões. Com um tomatinho selvagem, por exemplo, eles estão testando um super tomate, com ainda mais licopeno que é um poderoso antioxidante. Quanto mais vermelho, mais licopeno.

Os pimentões coloridos já estão nos mercados e foram testados em um laboratório da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba.

“Houve uma melhora boa em componentes. O vermelho e o amarelo e depois o verde, eles tiveram uma concentração muito grande de compostos bioativos e de compostos com um papel antioxidante, que é uma coisa boa”, diz a professora de nutrição Jocelem Salgado, da USP. “Mas o que a gente percebeu é o seguinte: nesses pimentões que nós tivemos essa melhora, nós tivemos detrimento em fibras e em proteínas”.
“Acho muito importante que os estudos continuem. O desafio na nossa área é esse: saber o quanto, como recomendar e o efeito seguro. E na área de melhoramento é concentrar o composto, sem reduzir outro componente, que provavelmente fará falta para outra resolução de outro problema de saúde”, ressalta Jocelem.

E agora, a melhor fase da pesquisa: a pasta de grão-de-bico, chamado homus. Em saladas, ou em pasta, o grão-de-bico é muito gostoso. Na família da comerciante Tahsine Hammoud, o grão-de-bico já é tradição.
A ajudante de cozinha Luciana Marques é do Ceará e ela viveu lá durante 23 anos sem nunca ter visto grão-de-bico. Não sabia nem o que era. Só veio conhecer em São Paulo. “Só vim conhecer aqui nesse emprego que eu já estou há mais de um ano e consegui descobrir o segredo do grão-de-bico, como que a gente faz o homus”,conta.

Ela mostra como é que faz a pasta de grão-de-bico, tradicional da cozinha árabe. “Primeiramente, a gente coloca o limão, um pouco de alho, um pouco de sal. Tudo a olho, não tem muita medida”, explica a ajudante de cozinha.

Depois que a Luciana teve o maior trabalho e fez tudo direitinho, Isabela Assumpção entra para fazer o melhor pedaço: experimentar a pasta. “É dos deuses. Eu podia passar minha vida inteira comendo isso. Muito bom”, elogia a repórter.

Fonte: Globo Reporter

Nenhum comentário: