Pesquisadora comparou, em tese de doutorado, cinco produtos permitidos pela legislação brasileira
A sucralose, adoçante derivado do açúcar, é o edulcorante que apresenta o perfil mais próximo da sacarose no que se refere ao adoçamento do café coado. A constatação é de uma pesquisa desenvolvida para a tese de doutoramento de Patrícia Trevizam Moraes, defendida na Faculdade de Engeharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, sob a orientação da professora Helena Maria André Bolini. De acordo com a autora do trabalho, muitos provadores não conseguiram diferenciar, durante os testes sensoriais, entre uma substância e outra. "Esse dado é importante, visto que tanto a indústria alimentícia quanto os consumidores têm buscado um adoçante que fique próximo da sacarose", afirma a pesquisadora.
Para realizar o estudo, Patrícia comparou cinco edulcorantes permitidos pela legislação brasileira com a sacarose: aspartame, acessulfame-K, mistura de ciclamato e sacarina (2:1), estévia e a sucralose. Todos são encontrados no mercado. A autora da tese conta que decidiu investigar o comportamento desses adoçantes em relação ao café solúvel e torrado e moído porque muitas pessoas têm dificuldade de consumir a bebida sem que seja adoçada com açúcar. "Várias até ingerem sucos e iogurtes com edulcorantes, mas não conseguem fazer o mesmo em relação ao café", explica. Além disso, o consumo de café no Brasil vem crescendo nos últimos anos. Entre as razões estão o aumento da qualidade dos grãos e o lançamento de linhas gourmets. Em 2007, por exemplo, cada brasileiro consumiu 4,42 quilos do produto, número 3,5% superior ao registrado no ano anterior.
O estudo conduzido por Patrícia cumpriu diversas etapas, tais como a definição do perfil das bebidas, análise descritiva-quantitativa e análise tempo-intensidade. Esta ultima técnica, informa a pesquisadora, teve maior destaque no trabalho porque emprega um programa de computador desenvolvido na própria FEA, capaz de determinar a duração de alguns estímulos, como gosto doce, gosto amargo e o sabor de café por um período de tempo. Estas informações são de extrema importância porque os edulcorantes tendem a apresentar um gosto residual (after taste). Foram utilizados dois grupos de provadores: um composto por voluntários e outro por pessoas pré-selecionadas, que foram treinadas para perceber eventuais diferenças nas bebidas.
Ao analisar os resultados dos testes, Patrícia fez constatações importantes. A primeira delas é que a sucralose é o adoçante que mais se aproxima do açúcar. A substância, que tem um potencial edulcorante até 600 vezes maior do que a sacarose, sequer foi identificada por diversos dos provadores que participaram do teste sensorial. A autora da tese também verificou que a concentração ideal de açúcar é maior no café coado do que no solúvel. A partir da manifestação dos provadores, foi definido que para cada 100 mililitros do primeiro, é recomendável uma concentração de 12,5% de sacarose. Para o segundo, o índice cai para 9,5%. "Essa informação é importante porque a indústria alimentícia pode incluí-la na rotulagem de seus produtos", infere a pesquisadora.
Segundo ela, no caso do café solúvel a sucralose já poderia vir associada de fábrica ao produto, de modo a facilitar o preparo da bebida pelo consumidor, que não teria que se preocupar em colocar esta ou aquela quantidade de adoçante. O estudo apurou ainda que a estévia foi a que apresentou a menor potência edulcorante, ou seja, o menor poder de adoçar. Embora seja cerca de 100 vezes mais doce que o açúcar, a substância tem um amargor característico, o que obriga o bebedor de café a usar uma quantidade maior do produto. A sucralose, por outro lado, foi a que apresentou a maior potência edulcorante. Por fim, o teste de aceitação apurou que os provadores consideraram que o edulcorante que "combina" melhor com o café solúvel é o acesulfame-K. Já para o café torrado e moído, a sucralose foi apontada como a melhor "parceira".
FONTE: JORNAL UNICAMP - ANO XXIII – Nº 422
Foi com base nessas idéias que a pesquisadora Mariana Altenhofen da Silva, orientada pelo professor Theo, como é mais conhecido, desenvolveu sua pesquisa de doutorado focada no estudo da mistura dessas duas macromoléculas – alginato e quitosana –, com o objetivo de obter possíveis matrizes para a liberação controlada de agentes antimicrobianos, concentrando-se, no caso, na utilização do sorbato de potássio e natamicina, de efeitos e usos sobejamente comprovados. Os trabalhos foram desenvolvidos em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Campinas, que teve a participação direta das pesquisadoras Marta Hiromi Taniwaki e Beatriz Thie Iamanaka.
No entanto, verificou-se que a utilização do sorbato de potássio, o mais comum dos antimicrobianos utilizados em alimentos, não funcionou como se pretendia, pois, além de liberá-lo rapidamente, o filme não apresentava as propriedades e as características desejadas.
Pesquisadores da Unicamp acabam de desenvolver nanopeneiras poliméricas, com aplicações principalmente em processos biológicos, que prometem ser alternativa bem mais eficaz do que as membranas de microfiltração disponíveis no mercado. São materiais biocompatíveis e biodegradáveis de uso potencial, por exemplo, em cápsulas implantadas no corpo humano para a liberação controlada de medicamentos.
Segundo a professora Lucila Cescato, orientadora da pesquisa, o processo de fabricação das nanopeneiras envolveu a litografia interferométrica (ou holográfica), técnica desenvolvida no Laboratório de Óptica do IFGW, que ela coordena. “A técnica consiste em projetar um padrão de interferência, gerado através de dois feixes de laser que, quando coincidem no espaço, demarcam regiões claras e escuras, intercaladamente”.
Já em uma hemodiálise, onde a seletividade é essencial, irregularidades no tamanho dos poros e na morfologia oferecem uma probabilidade, ainda que pequena, de que uma bactéria passe pela membrana. “Diferentemente dos materiais sólidos, os sistemas vivos são mais complicados, havendo células que se contraem e conseguem passar por cavidades menores que o seu tamanho”, ilustra a professora do IFGW.
As nanopereiras poderiam substituir as membranas poliméricas em mais uma aplicação importante, como biossensores que monitoram o fluxo de sangue através das artérias para detectar possíveis estreitamentos. A vantagem dos dispositivos desenvolvidos por Gutierrez-Rivera está, mais uma vez, na uniformidade dos poros e da estrutura, ao passo que as membranas comerciais apresentam problemas de permeabilidade e seletividade com frequência.
Na série televisiva norte-americana CSI, cientistas-investigadores lançam mão de conhecimentos sofisticados e equipamentos de última geração para decifrar os mais intrincados casos de assassinatos. Descontados os exageros próprios da ficção, algumas técnicas mostradas pela produção encontram similaridade nos procedimentos adotados na vida real. No Instituto de Química (IQ) da Unicamp, mais especificamente nas dependências do Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas, pesquisadores têm desenvolvido métodos originais para a identificação de fraudes perpetradas contra os consumidores brasileiros. A exemplo de seus pares hollywoodianos, eles transformam a ciência numa poderosa arma contra o crime. Recentemente, por exemplo, esses “caçadores de falcatruas” conceberam, a pedido da Polícia Federal (PF), duas metodologias capazes de constatar adulterações no leite em pó. Os trabalhos ajudaram a orientar o inquérito da PF.
A adição de gordura vegetal e maltodrextina ao leite em pó já representa uma adulteração, como observa Gustavo. O médico veterinário destaca, porém, que essas substâncias também podem constituir indício de outras eventuais fraudes. “Em tese, esses elementos podem ser misturados ao leite com o objetivo de mascarar outras alterações”, diz. O uso da gordura vegetal, continua o pesquisador, pode esconder a retirada da gordura original para a produção de creme de leite, produto com maior valor de mercado. Nesse caso, os fraudadores acrescentariam, por exemplo, óleo vegetal ao leite em pó para promover a compensação.
